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Escreve esta semana na TV Guia LIBERDADE de existir

Há um ano, por esta altura, estava fechada dentro da casa mais vigiada do País, estava dentro do Big Brother, que foi claramente o programa que provocou grandes mudanças na minha vida. Uma das coisas que mais aprendi dentro da casa sobre mim, e que não sabia, é que tenho imensa fé nas pessoas. Gosto de pessoas de uma forma natural. E dentro da casa, por mais missões que existissem, achava quase sempre que tudo era real e verdadeiro. Comecei este ano a fazer teatro, estive em cena com o espetáculo António e Antónia, no Teatro Meridional, e voltei a ter fé nas pessoas. Ter fé em ver salas esgotadas, pessoas a encher o teatro, a rir e a chorar connosco e a pensarem sobre o que viram. Continua a perpetuar-se a ideia, embora cada vez menos, que programas como o Big Brother são programas de massas e que pouco contribuem para a evolução da espécie, assim como continua a perpetuar-se a ideia de que o teatro está associado a uma elite e que apenas esta elite o frequenta. Ainda bem que cada vez mais há comédias feitas a pensar no grande público, porque o teatro deve ser para todos. Não quero dar lições de moral sobre o que deve ou não ser consumido, mas tenho a certeza de que, se ficarmos fechados a consumir apenas um determinado género, o nosso cérebro também vai ficar fechado e nós não devemos ser colocados em caixas. Nós não temos de estar definidos por aquilo que vemos, nem por aquilo que fazemos. Podemos ser muita coisa, e somos livres de ter gostos bastante diferentes uns dos outros. Peguei em dois exemplos diferentes que me fizeram ter a mesma sensação relativamente a pessoas. Ter fé nas pessoas, acreditar nelas e, com isto, não estou a falar de ser ingénua ou algo parecido. Há dias em que acordo, ligo as notícias e parece que estamos todos a caminhar para um sítio muito estranho, mas a verdade é que a maior parte das falhas que acontecem no mundo são falhas humanas, logo não podemos desistir uns dos outros. Provavelmente, nem eu nem você que está a ler isto vai conseguir mudar o mundo, mas, quanto mais mundo tivermos, mais conseguimos formar opinião, estar informados e com consciência da realidade em que vivemos. Viajar não está ao alcance de todos, mas podemos abrir horizontes através das mais diversas áreas. Desde a televisão, passando pela música e pintura, até ao teatro. A busca do conhecimento deve ser algo que nos acompanha ao longo da vida. Quando deixamos de ter interesse por querer saber mais, conhecer mais, aprender mais, corremos o risco de estagnar e de ficar naquela tal caixa que inicialmente falei. Quero deixar esperança nesta Varanda, esperança nas pessoas, esperança na liberdade de sermos o que quisermos ser. Sem rótulos, sem artefactos, sem luta. Chama-se liberdade de existir. ●

VARANDA DA ESPERANÇA

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2023-02-02T08:00:00.0000000Z

2023-02-02T08:00:00.0000000Z

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