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“Sabia que o BB ME ESTAVA A MANIPULAR” “ovelha negra”

TEXTO JOÃO BÉNARD GARCIA | FOTOS SÉRGIO LEMOS

Sentiu-se a na casa mais vigiada de Portugal, quando os colegas o atacaram com dureza e o ostracizaram. Afirmou no confessionário que queria desistir, com as lágrimas a correrem-lhe pela cara. Aguentou firme, manipulou os colegas e assume que se deixou manipular pela produção. Competidor nato, reconhece que foi o “carregador de piano” do reality, marcou golos e quer colher frutos do mediatismo

Sei que um dos seus desejos, assim que saiu do Big Brother, era conhecer a radialista Ana Isabel Arroja, que foi uma das vozes do Big. Conte-nos como foi conhecê-la. Foi muito fixe, porque a parte mais difícil da minha integração foi feita com a Big. Passei ali momentos difíceis em que os concorrentes não me entendiam e eu tinha uma missão difícil com a Catarina, a de sermos um ex-casal. Fui-me muitas vezes abaixo e muitas das imagens desses momentos não passavam. Alguns colegas ficaram logo contra si. Sim. Logo no primeiro dia recebi uma nomeação direta. Até já havia pessoas que não se lembravam que eu já estava nomeado e queriam nomear-me na mesma. Tomaram-me logo de ponta. Essa semana foi muito dura. Dou-me bem com toda a gente, tudo na paz. Entrei com uma missão, comecei logo a jogar e até ingerir e digerir o que era o jogo demorei algum tempo. Passou mal? Passei, mas acabou por me dar calo e a Big, ao nível de suporte emocional, foi essencial. Ela entendeu-me e vestiu a minha pele. Senti o apoio dela. Ela percebeu o que eu estava a sentir. Isso deu-me força, foi top. O que estava a sentir então?

Rejeitado, renegado. Sentia-me a ovelha negra. Ninguém me entendia.

Mas o Miguel não tem estofo emocional para aguentar isso?

Sim, mas quando entras numa casa com dezenas de câmaras e é tudo novo para ti… Eu, que não assisto a reality shows, sou colocado logo a fazer uma missão em que estava a mentir perante um milhão de portugueses. Ainda por cima com uma coisa com que não me identifico, com uma traição a uma melhor amiga. Foi no confessionário que percebi que aquilo era uma fantochada e que lá fora as pessoas entendiam porque sabiam que era mentira e eu só estava a representar. Na casa não sabiam, fui atacado com palavras duras. O teatrinho estava-lhe a dar cabo da cabeça.

Completamente, estava arrasado. Confesso que houve um dia em que disse à Big : “Nunca desisti de nada na vida e não vou desistir, mas só me apetece ir embora.” Disse isto e as lágrimas corriam-me pela cara abaixo. Só lhe dizia: “Eu quero ir-me embora”, mas depois acrescentava: “Mas eu não vou desistir, não vou.”

O que é que ela lhe disse para o acalmar? Disse-me uma coisa que não esqueci até ao último dia no BB: “Miguel, calma, respira e não te esqueças de que não estás sozinho.” Estas palavras deram-me uma força brutal.

A Big foi o seu pilar dentro da casa. Foi, tal como sabia que tinha a minha família e os amigos certos a apoiarem-me. Mas isso só conseguiu perceber quando começaram a chegar os aviões.

Sempre soube que a minha família e os meus amigos estavam comigo. Agora os apoiantes e a dimensão do grupo de fãs? Só passado muito tempo é que me apercebi de que era um grupo muito forte. Alguns incondicionais e com atitudes bastante radicais, com confrontos verbais entre claques.

Isso é normal. É sempre assim com os fãs. As pessoas vivem aquilo intensamente. É um jogo e eu participei para me catapultar para outros voos, que já estão a acontecer.

Tais como?

Muitas coisas. E outras que não estão, nem vão acontecer. Como por exemplo?

Não estou, nem vou, aceitar presenças na noite. Tenho recusado tudo porque não quero ficar associado à noite. A maioria dos empresários contactam um concorrente do BB e dizem-lhe: “Toma lá mil euros e vai fazer uma presença naquela discoteca.”

Já lhe fizeram esse tipo de propostas? Sim, mas tudo o que é à noite não tenho aceitado. No outro dia, no Porto, ligaram para a Bárbara e ofereceram-lhe 200 euros a ela e 200 a mim para uma presença numa discoteca.

Só?! Antigamente pagavam fortunas aos concorrentes dos reality.

Pois. E eu disse à Bárbara: “Nem que fossem mil euros”. Nessa noite acabámos por sair sozinhos. Uma amiga dela conhecia o dono de uma discoteca e entrámos pelas traseiras e aquilo soube-me bem. Paguei a discoteca, mas estive ali à vontade. Tirámos uma ou outra foto porque as pessoas nos reconheceram, mas tudo bem. Oferecerem-me 200 euros é banalizar todo o trabalho que tive no BB.

Há quem afirme que foi o Miguel quem

“Senti-me rejeitado, renegado. Sentia-me a ovelha negra. Ninguém me entendia. Foi no confessionário que percebi que aquilo era uma fantochada”

carregou o programa às costas.

Tive um trabalhão. Fui o mediático desta edição e oferecem-me 200 euros por uma presença?...

Isso é ao preço da chuva. Sentiu-se gozado?

Senti-me desvalorizado. Rejeitei e hei de voltar a rejeitar. Pode ser que quando atingir o que tenho ambicionado…

ABORDADO? “ESTÃO COISAS A ACONTECER”

E o que é que tem ambicionado?

Quero muito entrar no mundo da televisão, da moda. São coisas que sempre gostei e nunca consegui. Quero aproveitar o BB para me catapultar para estes mundos. Ser ator, apresentador… Já foi sondado pela TVI? A Cristina Ferreira já o abordou?

Há muitas coisas a acontecerem… O que é isso de “muitas coisas a acontecerem”?

Já várias pessoas, de várias áreas, me contactaram, sim.

Ligadas à TVI?

Várias pessoas...

Há a possibilidade de ser apresentador ou repórter.

Há a possibilidade de muita coisa. Gostava de fazer o Somos Portugal? Isso era brutal. Ainda não tive essa proposta em cima da mesa, mas se tivesse era espetacular. Ia viajar, conhecer aldeias, cidades, vários sítios do interior e ia fazer o que gosto – estar com pessoas. Mas ao mesmo tempo está a desenvolver uma aplicação online. Quer explicar-nos esse projeto?

É uma aplicação ligada a acompanhamento personalizado ao nível do exercício físico e de saúde, com receitas, mas estão a surgir outros convites. Estou a analisá-los bem, um a um.

Quer aproveitar este embalo da fama porque, daqui a três meses, com o novo reality ,Triângulo, haverá novas personagens e as pessoas vão esquecer o Miguel Vicente. Está preparado psicologicamente para o fim do mediatismo? Sim, sou uma pessoa confiante. Sempre fui. Duvido de que as pessoas se esqueçam de mim daqui a um ou dois anos. Está preparado para sair da ribalta? Eu nasci preparado. Tenho sempre alguma coisa para fazer no improviso. Já estou a trabalhar no longo prazo, para que daqui a um ano o meu nome esteja sempre associado a coisas boas.

RELAÇÃO COM BÁRBARA

É importante para si ser reconhecido e que as pessoas gostem de si? Sente essa necessidade?

Sempre tive a necessidade de ser amado, de amar. Acarinhar e ser acarinhado. Acho que transmito um boa energia.

Sempre tive esta vibe.

Já que falou em amar, como está a sua relação com a Bárbara (Parada). Estão a conseguir conhecer-se fora da casa? Estamos. Esta semana vamos estar sozinhos num apartamento que tenho no Algarve, para estarmos tranquilos, para namorarmos, sem redes sociais que nos distraíam. Vamos estar longe da confusão, vai ser muito bom.

A sua irmã Emília diz que o Miguel é muito respeitador com as mulheres, mas dentro da casa foi acusado de ser machista. Aquilo foi real ou era jogo? Era jogo. Eu estava sempre a picar. Ao fim dos primeiros dias senti que qualquer coisa que fizesse ali dentro tinha impacto no jogo. E entendia tudo o que a produção estava a fazer. Nunca disse isso, mas apercebi-me.

Apercebeu-se de quê? Picavam-no para reagir?

O Big Brother é isso mesmo. Eu sabia que estava num reality show e que me estavam a manipular. Eles percebem o que os concorrentes sentem, colocam-nos desafios, usam pessoas para nos fazer reagir. Quer dar-nos um exemplo? Sejamos francos, o meu jantar com a Bárbara... Gostamos um do outro… Mas foram forçados a jantar e sentiram-se mal porque o BB esperava um envolvimento. Fomos induzidos a ter esse jantar. São momentos que o BB cria para despertar emoções… É assim um reality. Sabia que era isso que estava a acontecer. Tive de aceitar que me estavam a manipular. A mim e a todos os outros. Sou inteligente, perspicaz, percebi que era forte e joguei. Fui um jogador assumido, conseguia que eles se irritassem comigo. Já me ria para as câmaras, piscava o olho, ia ao confessionário dizer o que ia fazer a seguir. O que mais me divertiu é que as pessoas sabiam que estava ali para os entreter. Criei uma cumplicidade com o público mesmo sem o ver. ●

“Tive de aceitar que me estavam a manipular. A mim e a todos os outros. Sou inteligente, perspicaz, percebi que era forte e joguei. Fui um jogador assumido”

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2023-02-02T08:00:00.0000000Z

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