Cofina

“Só espero não estar a ENVELHECER assim tanto por dentro”

Em Amor Amor, da SIC, a atriz vai deixar de ser controladora e obcecada pelas filhas e entregar-se aos calores de um fogoso galã octogenário. À TV Guia, jura que as cenas na novela metem beijos atrevidos e tudo e, na vida real, confessa os seus dramas com

TEXTO | FOTOS

Em Amor Amor, da SIC, a atriz vai deixar de ser controladora e obcecada pelas filhas e entregar-se aos calores de um fogoso galã octogenário. À TV Guia, jura que as cenas na novela metem beijos atrevidos e tudo e, na vida real, confessa os seus dramas com a mãe, que corria com todos os seus namorados, com a balança, em tempos de pandemia, e com os médicos, de quem anda a fugir a sete pés

Asua personagem, Lurdes Sousa, nesta 2.ª temporada de Amor Amor, vai mesmo levar uma reviravolta? É capaz de levar uma grande volta, porque ela era uma mulher que vivia muito só para as filhas, inclusivamente era até um bocadinho mazinha em relação a elas. Uma progenitora muito possessiva, certo? Sim, de tanto as amar, não queria que elas saíssem de casa. É a chamada mãe-galinha e chata. Extremamente possessiva, sim. Acho que ela é isso assim.

Mas agora, com uma nova paixão, tudo vai mudar.

Vai. Ela abriu os olhos para a vida e, neste momento, acho que quer mesmo muito ser feliz. E vai dar uma oportunidade a um galã que vai aparecer em Penafiel, na nova temporada da novela. Não sei muito bem é como é que isto vai acabar, mas, em princípio, acaba bem, porque a Lurdes quer ser feliz.

Vamos ver a Lurdes a apaixonar-se? Vamos, com beijinhos e tudo [risos]. Ai, é? Com beijinhos? Conte-nos lá então o que vai acontecer.

Sim, mas sempre testada à Covid-19. É curiosa esta evolução da sua personagem, porque há muitas mulheres que, após terem os filhos criados e fora de casa, e às vezes até já com netos, apaixonam-se e decidem olhar para elas. Pois, eu não passei por essa experiência. Primeiro, porque não tenho filhos. Como não tive filhos, não tenho netos. Os meus gatos não casam [risos]. Mas é verdade o que diz: há mulheres que acham que já fizeram o que tinham a fazer na vida – que em muitos casos é criar os filhos – e, como pretendem ser felizes, vão à procura de alguém que as faça felizes.

Inspirou-se para criar a personagem na história de alguma amiga que tenha passado por essa situação?

Não, agarrei-me à história e ao guião. Se bem que a minha mãe, que se chamava Fernanda, seja um bocadinho como a minha personagem. A minha mãe era a melhor mãe do mundo, como acho que serão quase todas. Mas a minha mãe era muito possessiva. Era a melhor mãe do mundo e a pior sogra de todos os tempos.

Então?

Ui, sempre que aparecia lá em casa um pretendente, fazia tudo o que podia para correr com ele! E também não foi uma excelente sogra. Infelizmente, já não está entre nós, mas, de facto, tinha essa particularidade.

Mas o que é que lhes fazia?

Fazia-lhes a vida negra! Não lhes fazia a vida negra a eles diretamente. Mas chateava o seu núcleo familiar direto, os filhos e as filhas. Passava a dizer mal dos pretendentes. Que era de tal ordem que acabámos por ver mesmo os erros e os defeitos que ela apontava naquelas personagens.

Ou seja, destapava-lhes todos os defeitozinhos.

Era, e acabávamos por não querer mesmo aquelas relações para nós.

E as noras que acabaram por casar mesmo com os filhos da dona Fernanda? Como sobreviveram?

Pois foi. E ainda por cima os irmãos casaram e ficaram com elas para a vida toda. Não tinham uma relação muito fácil com a minha mãe, não. Aquilo era um bocadinho complicado.

Vocês, os filhos, gostavam da vossa mãe e iam perdoando essas intromissões… Claro. Mas sempre fizemos a nossa vida. Mas era uma coisa natural e normal da vossa mãe e vocês, se calhar, até desvalorizam um bocadinho. Sabíamos que ela era chatinha, mas também aquilo era uma geração antiga. Por exemplo, lembro-me de que, quando comecei a fazer teatro, a minha mãe andava sempre comigo. Deixou de o fazer quando eu tinha 25 anos. Foi a sua mãe que a acompanhou nas cantigas? Sempre! E sempre que não havia lugar no carro para a minha mãe ir, eu não ia. Eu deixava de fazer espetáculos porque ela era muito assim.

Voltando à novela, a Lurdes vai ser uma personagem que vai viver uma bonita história de amor...

Sim.

Poderá ou não resultar no fim. Temos mesmo de esperar pelas cenas dos próximos capítulos?

Vamos ver. Ainda não sei o final da história. Teremos de esperar para ver. De qualquer forma, digo já que é muito agradável esta personagem que vai entrar, porque é um ator extraordinário e que muito admiro.

E quem é ele?

É o Rui Mendes, a desempenhar o papel do galã Jaime. É uma excelente pessoa. Eu, além de gostar de contracenar com bons atores, já estou naquela idade em que prefiro as boas pessoas [risos]. E de facto ele acumula: é um excelente ator e muito boa pessoa. Eu vou ser a rival. Ai, vai?! Então?

Sim. O senhor é casado, tem filhos e essas coisas todas e, de repente, tem uma paixoneta por mim. Mas ele tem razão. Porque eu sou boa pessoa, sou uma querida e ela [Lídia Franco, no papel de Gina] não se portou bem.

Há sempre uma razão, claro.

Mas sempre com bom humor, porque a minha personagem é uma mulher divertida, tem muito de comicidade. E é por isso que me dá gozo fazê-la. É dramática e cómica ao mesmo tempo. É, e foi muito desafiante. Só espero estar a fazê-la bem.

Creio que tem levado uma vida mais regrada por causa da pandemia...

Tenho, mas sabe que ainda não parei? Quando começa a pandemia, estava a fazer a aquela novela de grande sucesso, onde a protagonista era a minha querida Maria João Abreu: Golpe de Sorte. Acabei o Golpe de Sorte e fiz a Generala. Acabei a Generala e fiz uma série de grande sucesso, Chegar a Casa, e, em simultâneo, comecei a fazer esta novela. Ainda não parei. Infelizmente, há colegas que estão na pior, com grandes problemas. Nesse aspeto, não me posso queixar. Foi bom para a minha cabeça. Trabalhar foi fundamental! Ficar fechado em casa não faz bem a ninguém. Mas há pessoas a dizer que terem parado as ajudou a arrumar as ideias...

A mim, não. Aliás, devo dizer-lhe que há muito tempo que não faço férias. Sabe-me bem aqueles primeiros oito dias paradinha em casa. Sabe-me mesmo pela vida. Mas depois começa-me a fazer confusão. Sou muito ativa.

Tem alguns cuidados consigo, com a saúde, com a alimentação?

Com a alimentação tenho. Com a saúde devia ter mais. Devia ir mais aos médicos. Não vou tanto.

Foge deles?

Fujo um bocadinho. Mas agora, como já estou com uma idade um bocadinho avançada, se bem que não pareça, estou a pensar seriamente tratar de mim. Quero ficar cá mais um bocadinho. Mas é o quê? Os anos começam a pesar um bocadinho? Já não tem aquela energia de que gostava?

Não, energia continuo a ter...

“[Na pandemia] Não parei. Foi bom para a minha cabeça, trabalhar foi fundamental. Infelizmente, há colegas que estão na pior, com grandes problemas”

Pois, se não consegue estar parada... Não sou politicamente correta, nem me vão ouvir dizer que adoro envelhecer. Nada disso, odeio envelhecer. Acho uma grande chatice. Para já, só espero não estar a envelhecer assim tanto por dentro. Por fora, vou fazendo assim umas coisitas para me manter [risos].

Está então determinada a cuidar de si para ter maior saúde, melhor aspeto e sentir-se bem com o seu corpo?

Sim. Estou a pensar voltar ao ginásio, pois, com a pandemia e os ginásios fechados, deixei de fazer exercício.

Mas faz uma alimentação regrada? Faço. Não como carne vermelha há 20 anos. Como carne de aves, mas estou a pensar deixar de o fazer. Primeiro, porque gosto de ver os animais vivos; e depois acho mais graça a comer legumes. Sabe-me melhor.

Vai tornar-se adepta daquelas dietas loucas que andam por aí?

Não sou facciosa em nada na minha vida. Para mim, o importante é viver e deixar viver os outros. Não sou radical. Quer mudar os seus hábitos, mas de uma forma equilibrada, portanto? Sim, mas se me apetecer comer um bolo, como o bolo. Não faço é todos os dias. Porque também não me apetece. Qual é o seu pecado secreto: uma bola de Berlim?

Não como há anos! Não gosto de cremes nem de molhos. Olhe, gosto de chocolate negro...

Mas esse faz bem.

Faz, e então se tiver em casa frutos secos, perco-me.

Gosta de petiscar?

Adoro, mas não como carnes, não como presuntos, nem chouriços... Como queijo, é o meu grande pecado. Queijo e pão. Aliás, podia alimentar-me só de queijo, pão, azeitonas e um copo de vinho tinto à noite. E, caramba, temos cá bons queijos e vinhos!

É, não é!

Isso é que dói. O queijo, então, é uma perdição.

Não janta, mas aguenta toda a noite sem fome?

Não, a meio da noite, dá-me ali uma ansiedade e vou comer uvas, fruta, chocolates, frutos secos e depois dou por mim com um quilitos a mais. Quando me pus na balança, nem queria acreditar. Fiz a dieta intermitente, estive 18 horas sem comer. Emagreci seis quilos em dois meses.

Cozinha?

Tenho uma grande preguiça para cozinhar. Sou péssima cozinheira. Não sou adepta de fazer sopa e quando compro não me sabe à sopa da minha mãe. É horrível. Deixei de a comer. 

PROTAGONISTA

pt-pt

2021-10-21T07:00:00.0000000Z

2021-10-21T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281814287063159

Cofina