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NO MEU SOFÁ

POR LUÍSA JEREMIAS DIRETORA DA TV GUIA

QUERIDO ROGÉRIO

À hora que escrevo esta crónica – segunda-feira, meio do dia – Rogério, pelo que se sabe, está na mesma: em “estado grave mas estável”, diz fonte hospitalar. Não percebo bem o que isso significa. O que sei é que isto é tudo uma porra. De repente perdemos a Maria João Abreu (já para não falar de Sara Carreira), o Filipe Duarte, o Pedro Lima e agora temos o Rogério neste ponto. O ponto “mas o que é que vai acontecer”. O ponto “e agora?”, o ponto “tanto para fazer”...

Então, Rogério, vamos ver se nos entendemos: trata de te pôr bom rapidamente. Sabes porquê? Porque já és dos raros. Dos raros que fazes falta no cinema, na televisão, no palco, onde te der na gana trabalhar. És dos raros que és autêntico, que te entregas, que te estás a borrifar para a porcaria das redes sociais e dos posts e de mostrar uma realidade que não existe. A tua realidade é simples: é representar, é tentar ser feliz (como todos nós, na verdade), é viver cada momento da vida como se fosse o último e o primeiro e aquele que vale a pena perpetuar.

Sabes, tu és uma espécie de diva. Daquelas bem exageradas, daquelas que toma conta do espaço assim que chega, daquelas que só faz o que quer, só se dá com quem quer – muito poucos – e, principalmente, que se está a borrifar para o que os outros possam pensar. Fazes o que te apetece e ainda bem.

Sabes outra coisa: um destes dias estive a rever O Delfim. Foi antes de acontecer esta coisa. Estava a ver-te ali, com a Alexandra, “o Infante” do Cardoso Pires e a pensar: eles os dois, no plateau, são um só. São muitos anos, na verdade, de vida, de coisas em comum, de experiências, de tudo. De tudo o que importa.

Por isso, é o que te digo: trata de recuperar rapidamente. Estás entre os melhores. Tens a capacidade de não te deslumbrar com isso, de não viver de aparências, de ser ator a sério. Não um aprendiz de feiticeiro qualquer que vive de aparências, de agentes, de jeitos e outras coisas que tal. Não me mal-entendas. Não estou a colocar-te nos píncaros porque estás a viver este momento da treta. Também não estou a descriminar ninguém nem a insinuar que há atores de primeira e de segunda. Esta última parte estou a afirmar: há, sim. Há os verdadeiros, os reais, os que nos transportam para histórias e nos fazem voar. E há os que cumprem contrato. E como tu sabes bem onde estás, vê lá se despachas isso, sais do hospital e voltas. Ainda melhor.

Estamos à tua espera. Beijo. Luísa.

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2021-07-29T07:00:00.0000000Z

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