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HONDA HR-V: O HÍBRIDO TRANQUILO

Pioneiro no segmento dos SUV urbanos desde 1999, o Honda HR-V está de volta. Fomos testá-lo na estrada.

Por Markus Almeida

ELASTICIDADE é a palavra que melhor parece descrever o estado da eletrificação em curso na indústria automóvel, que tanto se expande rumo a carros elétricos como aposta forte nas motorizações híbridas plug-in, sem deixar cair as híbridas não recarregáveis. Nesse campo, mais em específico no dos pequenos SUVs híbridos não recarregáveis, acaba de chegar uma opção a ter em conta para os que buscam o desejado triângulo dourado sobre rodas composto por emissões de CO2 mais reduzidas (122 g/km), um consumo combinado económico (5,4 l/100 km) e um preço competitivo (a partir de €36.900). Eis, então, a nova versão do Honda HR-V, à venda em Portugal.

Diz-se “nova” por contraste com a versão com que o fabricante japonês ressuscitou este modelo depois de um interregno de sete anos, desde 2016. Para os nostálgicos dos anos 90, o Honda HR-V original, produzido entre 1998 e 2006, era sinónimo de um jipe urbano elegante, com um motor a gasolina – o fiável e vivaço 1.6 litros com 105 cavalos de potência –, numa época em que em Portugal o gasóleo ainda era rei. O pioneiro HR-V foi descontinuado e regressou em 2016

O que torna este Honda especial é o sistema que alterna, sozinho e de forma independente, entre três modos de condução: elétrico, híbrido ou a combustão

irreconhecível na estética, com curvas onde antes havia linhas retas, e uma proximidade ao solo de fazer estranhar por comparação com o original – em espírito, respeitou o legado.

Desta feita, o novo Honda HR-V surge irreconhecível por comparação com o antecessor, mas talvez mais próximo – ainda que separado por 20 anos –

do design original. A grelha frontal imponente, o “olhar” intenso por parte das óticas e o capô praticamente horizontal acentuam uma face já por si altiva. O interior segue uma linha simples, mas bem trabalhada. O ecrã de infotainment de nove polegadas está agora por cima do tabliê, numa posição central, enquanto antes aparecia embutido no painel. O interface é fluído e o ecrã tem uma boa definição – nada a ver com a pecha anacrónica que representava no Honda H-RV da geração anterior. Mais abaixo, três rodas analógicas controlam o ar condicionado. No banco de trás, o que sobra de espaço para as pernas falta em lá em cima, num teto baixo que se revelará problemático para passageiros com mais de 1,80 m.

Mas passemos ao que torna o novo Honda H-RV especial: a tecnologia inteligente “e:HEV” híbrida de um sistema que alterna, sozinho e de forma independente, entre três modos de condução: Elétrico, Híbrido ou Combustão. “Inspirado na tecnologia da Fórmula 1, o seu funcionamento resulta da seguinte forma: o motor a combustão alimenta o gerador que fornece energia ao motor elétrico impulsionando o movimento das rodas”, explica a marca.

Importa reforçar o seguinte: há três modos de condução, mas é o próprio carro que gere qual é o mais adequado a cada momento, o que acaba por ser um malabarismo entre potência elétrica disponível e a aceleração requerida. O modo elétrico permite uma aceleração silenciosa e quase instantânea movida exclusivamente pelos dois motores elétricos do HR-V (um à frente e outro atrás). Por sua vez, o híbrido, combina os motores elétricos com o de gasolina para obter uma performance mais eficiente. Por fim, a condução a gasolina aproveita o motor de combustão para manter rotações mais altas enquanto ajuda a carregar a bateria que alimenta o motor elétrico. Porque essa é a única maneira de carregar a bateria, através da autorregeneração, já que este híbrido não se liga à corrente.

Na cidade, revela-se um deleite sobre rodas, mas só até ao momento em que se pressiona um pouco mais o acelerador. Aí, o motor de quatro cilindros entra em trabalhos para os quais não foi feito. O esforço é audível, mas mal se atinja a velocidade de cruzeiro conseguimos sentir o motor e a caixa automática a ajustarem-se, e a viagem prossegue de forma suave e confortável.

Não é um carro para desempenhos desportivos ou grandes velocidades. O seu trunfo é outro: consumos económicos graças à tecnologia tecnologia inteligente “e:HEV” híbrida. E uma condução maneirinha na cidade, a lidar bem com o para-arranca, curvas, piso degradado (se a cidade em questão for Lisboa) e muitas lombas. Nesse aspeto, e sem o ser, o Honda H-RV revelou-se o citadino perfeito. Quanto à carteira, sem qualquer esforço para manter o pé leve, e conduzindo quase sempre em ambiente urbano, a SÁBADO registou uma média entusiasmante: 5,6 l/100 km. Mais entusiasmante ainda: no computador de bordo é possível consultar o consumo nos 2.145 km anteriores, feitos por outros jornalistas sabe-se lá em que condições ou ambiente: 6,6 l/100 km. Uma maravilha. A carteira agradece. ●

É o carro que gere o modo mais adequado de condução, no que acaba por ser um malabarismo entre potência elétrica e a aceleração requerida

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2023-03-16T07:00:00.0000000Z

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http://quiosque.medialivre.pt/article/283476440439685

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