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Música

O fundador dos Pink Floyd regressa a Portugal e a Lisboa para dois concertos. Mais polémico do que nunca, em “guerra” com David Gilmour e os EUA, começa uma digressão europeia na Altice Arena.

Por Gonçalo Correia

As polémicas de Roger Waters

A primeira vez que Roger Waters tocou em Portugal foi em 2002 e a última há apenas cinco anos, em 2018, numa digressão muito politizada mas não tanto quanto esta

AOS 79 ANOS, Roger Waters continua ativo e mais polémico do que nunca. O fundador dos Pink Floyd prepara-se para começar uma digressão europeia com perto de 40 concertos: em Lisboa, atua na Altice Arena a 17 e 18 de março. Estas são sete coisas que tem de saber sobre o músico inglês e a sua vinda a Portugal.

1 Uma digressão “cinematográfica” e politizada

É descrita como “uma inovadora e cinematográfica extravagância de rock’n’roll”. Esta nova digressão de Roger Waters, que começou em 2022 na América do Norte e chega agora à Europa, inclui “dezenas de grandes canções da era dourada dos Pink Floyd e também algumas novas canções” do músico, num concerto tão politizado que pode dar ares de comício.

2 O que Waters vai tocar

Olhando para os alinhamentos anteriores, não faltarão clássicos dos Pink Floyd, de Comfortably Numb a Another Brick in the Wall, passando por Wish You Were Here, Shine On You Crazy Diamond, In The Flesh e Money. Ouvir-se-ão também canções de Waters a solo, dos seus quatro discos em nome próprio (a que se soma uma ópera): em princípio, temas como The Powers That Be (do disco Radio K.A.O.S., de 1987), The Bravery of Being Out of Range (Amused to Death, 1992) e Déjà Vu (Is This The Life We Really Want?, 2017).

3 “Cancelado” em dois países

As posições políticas do músico já levaram a que tivesse concertos cancelados em dois países. O caso mais recente aconteceu há semanas: a câmara municipal de Frankfurt cancelou uma atuação agendada para 28 de maio, acusando Roger Waters de ser “um dos mais conhecidos antissemitas do mundo” e criticando-o pelo “comportamento persistente anti-Israel”. Waters tem-se defendido, garantindo não ser antissemita mas apenas crítico veemente do regime israelita – que já comparou à Alemanha Nazi e ao apartheid da África do Sul. Em setembro do ano passado, outros dois concertos na Polónia (previstos para abril deste ano) foram cancelados, devido a posições do músico relativamente à guerra na Ucrânia – Waters usa um argumentário próximo de Vladimir Putin, defendendo que o Ocidente, os EUA, a Ucrânia e a NATO são os principais responsáveis pela invasão russa do país vizinho.

4 Nove concertos em Portugal

Esta será a quinta vinda a Portugal do fundador dos Pink Floyd para concertos a solo, depois de atuar no País em 2002, 2006, 2011 e 2018. Nessas quatro ocasiões, deu sete concertos, sempre em Lisboa e quase sempre em dose dupla na atual Altice Arena, antigo Pavilhão Atlântico. A única exceção foi em 2006, ano em que passou por Portugal para um concerto no festival Rock in Rio Lisboa.

5 Um antiamericanismo professado por Putin

Os comentários sobre a guerra na Ucrânia têm perturbado alguns fãs. O músico já discursou no Conselho de Segurança das Nações Unidas a convite da Rússia e em entrevista recente, dada este ano, fez várias ale

gações polémicas: questionou se “Putin é mais gangster do que Joe Biden, ou do que todos os que lideram a política americana desde a II Guerra Mundial?”, disse estar “aberto a ouvir o que Putin realmente diz”, lembrou que a Ucrânia “fez parte da Rússia e da União Soviética durante muito tempo” e explicou porque nunca se recusaria a tocar na Rússia: “Se fosse boicotar algum país por motivos políticos, seria os EUA – são o principal agressor.”

6 Uma relação difícil com os velhos amigos

Nos Pink Floyd, foi líder durante o período áureo da banda. Em 1985, deixou o grupo e a relação com David Gilmour (sobretudo) e restantes velhos amigos azedou, com processos judiciais à mistura e desvalorização dos colegas por não escreverem letras como ele (“não conseguem escrever canções, não têm nada para dizer, não são artistas, não têm ideias”). A mulher de Gilmour, por exemplo, chamou-lhe “antissemita”, “defensor de Putin”, “mentiroso”, “ladrão”, “hipócrita”, “tipo que foge aos impostos”, “misógino”, “doente de inveja” e “megalomaníaco” – e o marido concordou. Sem ele, os Pink Floyd ainda editaram três álbuns.

7 Uma empreitada em marcha

Neste 2023 em que se assinalam 50 anos de edição de The Dark Side of the Moon, Waters está a regravar o disco. A

As posições polémicas de Roger Waters sobre a guerra na Ucrânia – cada vez mais alinhadas com Putin – têm desiludido alguns velhos fãs e até ex-membros dos Pink Floyd

nova versão deverá ser revelada em maio. “Não é um substituto para o original, que, obviamente, é irrepetível. Mas é (...) uma forma de honrar uma gravação de que o Nick [Mason], o Rick [Wright], o Dave [Gilmour] e eu temos todo o direito de nos orgulhar muito.” ●

Sumário

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2023-03-16T07:00:00.0000000Z

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