Foram pagas indemnizações às vítimas em vários países europeus. Por cá, ainda só está garantido o apoio psicológico

Esta quinta-feira, 16, passam 31 dias da apresentação do relatório da Comissão Independente sobre os abusos sexuais na Igreja. Mas ainda são poucas as consequências concretas do relatório que deu a conhecer a existência de, pelo menos, 4.815 vítimas em Portugal. O psiquiatra Daniel Sampaio revela à SÁBADO que a falta de clareza e descoordenação no seio da instituição só tem contribuído para “agravar os sintomas de ansiedade e depressão das vítimas”. “As vítimas não sentem que os seus testemunhos foram validados”, diz. A comissão continua a receber pedidos de ajuda via email, de pessoas que fizeram denúncias e de outras que querem saber onde se dirigir para ter acompanhamento. “As vítimas neste momento estão sem apoio, as urgências de psiquiatria são a única opção”, alerta.

O grupo liderado por Pedro Strecht propôs a criação de uma nova comissão independente da Igreja para receber os pedidos das vítimas e encaminhá-las para estruturas de saúde mental. A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) confirmou esta terça-feira, 14, que este “grupo com caráter de autonomia, constituído por pessoas que garantam confiança às vítimas” está a ser criado e vai funcionar em articulação com as comissões diocesanas. Num comunicado enviado à imprensa, a Igreja também garantiu que vai disponibilizar às vítimas “todas as ajudas necessárias para o seu acompanhamento psicológico e psiquiátrico, e outras formas de reparação do crime cometido”. Contudo, fica por perceber se existirão compensações financeiras, à semelhança do que aconteceu em vários países europeus (ver gráfico). ●