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ACOMPANHÁMOS AS GRAVAÇÕES DE PROVAS DO CONCURSO DA RTP, TASKMASTER, COM NUNO MARKL, TOY E INÊS AIRES PEREIRA

A SÁBADO acompanhou o último dia de gravações, que contaram com muitas peripécias: Inês Aires Pereira construiu um boneco ventríloquo e andou a correr de facas na mão. E Toy teve de por uma bola de basquetebol a rodar numa banheira.

Por Susana Lúcio (texto) e Rui Minderico (fotos)

Sexta-feira, 11h. A atriz Inês Aires Pereira arrasta um caixote do lixo pelo relvado. “Está um cheiro. Cheira muito mal”, diz para a câmara e para os 11 membros da equipa técnica – entre câmaras, um fotógrafo, o realizador, anotador e assistente de som – que assistem à sua prova. “Cheira a peixe podre”, garante com um esgar enquanto abre e fecha a tampa do caixote, mas à SÁBADO, a escassos três metros de distância, não chega qualquer odor fétido.

A cena foi filmada no último dia de gravações das provas do concurso da RTP, Taskmaster, a 7 de outubro do ano passado. Entretanto, foram gravados os episódios em estúdio, desta vez com audiência presente. Poucos dias após divulgada a novidade, a produtora já tinha recebido a inscrição de 3.000 pessoas. Não é de estranhar. O concurso, apresentado por Vasco Palmeirim e Nuno Markl, bateu recordes o ano passado, com uma audiência média de 7,3, cerca de 695 mil espetadores, ultrapassando o concurso Ídolos, da SIC.

Na mansão do Taskmaster, situada junto a uma zona industrial em Foros de Amora, Seixal, Inês Aires Pereira está ocupada a construir um boneco ventríloquo. “Quanto tempo já passou?”, pergunta a atriz. “Doze minutos”, respondem-lhe. “Há fita cola?”, acrescenta, dentro da cabana de madeira onde se guardam vários adereços. “Do lado esquerdo”, respondem. “Já vi!”

Toy foi o primeiro a realizar a mesma tarefa e não pôde ver a prova da atriz. Chegou às 9h30 e teve, como Inês, 30 minutos para completar a tarefa. Parece cansado. “Houve dias em que gravei às 8h30 e outros que terminaram às 17h ou 19h”, conta, sentado num sofá, instalado num canto de um grande salão da quinta, onde foi montado um camarim improvisado. “Aceitei fazer a 2ª temporada, mas foi difícil”, confessa. “Tenho de conciliar com concertos, ensaios e vida pessoal: tenho uma neta de 4 anos”, acrescenta.

Vencedor da primeira emissão, o músico adora o programa. “Não tenho medo do ridículo. Estou a cagar-me”, garante. Sobre os desafios,

garante que tudo tem solução. “É preciso ter rapidez de raciocínio.” Sem julgamentos, nem constrangimentos. “No outro dia, numa prova fiquei em cuecas. Meti-me no carro, deixei uma peça num semáforo, outra num café: aproveitei e bebi um café”, recorda.

Quando regressa a casa, ainda revê a prova mentalmente. “Descubro novas soluções e penso: ‘Como é que não me lembrei de fazer isso?!’”

Resolver desafios doente

Inês Aires Pereira continua ocupada a construir o seu boneco ventríloquo. Na sua direção estão apontadas três câmaras de filmar e mais uma máquina fotográfica. São os vários ângulos que permitem uma edição mais acelerada das provas durante a emissão do programa.

“O que faço para segurar isto?”, pergunta a atriz. A equipa vai dando dicas. “Mais tape [fita cola]?”

“Haverá uma manta?”, pergunta Inês Aires Pereira. A equipa de produção mobiliza-se e, em poucos segundos, é colocada uma manta na barraca de madeira. “Será que há uma manta?”, repete, desta vez para a câmara. “Ah, ah, já encontrei. Será que isto fica giro?”

A troca de impressões com a equipa é constante: “Lima, empresta-me a tua camisola?” O diretor de conteúdos Ricardo Lima recusa, provocando sorrisos.

O boneco está pronto e os operadores de câmara põem-se em posição para filmar a última parte da prova. “Inês, vais sentar-te?”, pergunta o realizador David Matos, enquanto dá instruções. Uma câmara GoPro é colocada no chão, perto da atriz. “Estamos a gravar em 3, 2, 1. Ação”, avisa-se com claquete à frente da câmara. Não parece durante as gravações, mas Inês Aires Pereira está com febre provocada por uma amigdalite. “É pá, hoje está difícil”,

“NÃO TENHO MEDO DO RIDÍCULO. ESTOU A CAGAR-ME”, DIZ TOY SOBRE A RESOLUÇÃO DAS PROVAS

queixa-se, depois de concluir a prova e a caminho do sofá do camarim.

Entretanto, pergunta-se pelo anfitrião do programa, Nuno Markl. O humorista está ocupado na rádio, das 7h até às 11h, no programa Manhãs da Comercial, e chega mais tarde. “Estou todo podre. Devo estar com febre”, avisa, enquanto troca de roupa. “Acho que foi nos Globos de Ouro [realizados no domingo anterior]: não trouxe o globo, mas trouxe o vírus da gripe”, diz Markl.

Nesta temporada, o humorista permanece a vítima favorita dos concorrentes. “Lembras-te da musse?”, pergunta Toy, divertido. “Demorei imenso tempo no banho”, recorda o humorista. “Só temos uma casa de banho com banheira aqui na mansão que podes usar quando as provas correm mal. Mas tem pouca pressão de água”, explica. “E quando cheguei a casa ainda tinha

musse nos óculos”, acrescenta. A prova de que Toy menos gostou envolvia enlaçar Nuno Markl. “Correu mal”, recorda.

É a vez de Toy ser colocado à prova. Junto à caravana, com Nuno Markl, o cantor lê o desafio: fazer rodar algo. Tem 10 minutos. Agitado, o cantor sai a correr e entra na mansão. Volta a sair, sem nada nas mãos e corre até à barraca de madeira, mais abaixo, junto à piscina. Os operadores de câmara continuam a apontar as lentes para Nuno Markl à espera que Toy regresse, mas isso não vai acontecer. Ao fim de alguns segundos, o realizador dá ordem de retirada. “É melhor irmos para baixo. Vamos!” E todos correm para junto da barraca.

No relvado, Toy arrastou uma banheira dourada e um carrinho de mão. Puxa uma mangueira para a banheira e corre até a outra ponta do jardim para abrir a torneira. O jorro de água enche o carrinho de mão. Depois Toy vira a mangueira para a banheira, onde flutua uma bola de basquetebol. “Quantos minutos faltam?”, pergunta o cantor. “Faltam seis minutos”, responde um membro da produção. Nuno Markl assiste ao esforço de Toy. Preocupa-se com a quantidade de água desperdiçada que sai do ralo da banheira e que ameaça chegar até aos seus ténis de pano verdes. Toy está concentrado em fazer rodar a bola. “Tem de funcionar de forma autónoma!”, avisa o anfitrião. Toy senta-se sobre a mangueira e em cima do carrinho de mão. “Está a rodar?”, pergunta o anfitrião de cronómetro na mão. “Já parou? Já parou de rodar?” e sopra no apito vermelho, que tem pendurado ao pescoço. Prova concluída.

Mas o realizador não está satisfeito. “Não temos a reação do Toy”, diz David Matos. Um operador de câmara posiciona-se do lado oposto do cantor. “Estávamos aqui”, diz Nuno Markl. A água continua a jorrar e a bola a rodar. “Vamos finalizar?” E volta a soprar no apito.

O realizador continua preocupado. “Vai ter de ser tudo esquartejado”, avisa para a produção. O relvado é agora uma poça de lama. “Vamos pegar na banheira e regar os canteiros”, sugere Nuno Markl. Mas ninguém parece aceder à sugestão.

Toy regressa ao camarim, onde Inês Aires Pereira está deitada no sofá, a ganhar forças apesar da amigdalite. “Lá em casa estamos todos doentes, até o bebé está com febre”, diz a atriz, mãe de Alice, de 3 anos, e de Joaquim, de quase um 1.

Toy também se senta. “Hoje tenho um concerto em Alvalade, amanhã em Santarém.” Teve um ano carregado de espetáculos, com mais de 35, que culminaram num encontro com os fãs no Coliseu dos Recreios, a 29 de outubro, e umas férias em Zanzibar, na Tanzânia. Não considera que o Taskmaster tenha aumentado a sua popularidade. “Tenho 59 anos [celebrou os 60 anos em fevereiro] e uma longa carreira. Tem a ver com o meu percurso”, garante.

Concorrentes vigiados

Inês Aires Pereira tem outra experiência. “Estou a ser parada a toda a hora por crianças”, explica. “Não me largam, pedem-me: ‘Grita, ó Markl!” O grito de desespero da atriz tornou-se a sua marca registada no programa. “Porque grito com ele? Não sei”, diz divertida. “Ele irrita-me”, conclui.

Inês aguarda que a chamem para a segunda prova do dia e não está nada ansiosa. “Na primeira tempo

Gravações das provas começaram a 12 de setembro e acabaram a 7 de outubro de 2022. Demora dois dias a gravar um programa

“VAMOS PEGAR NA BANHEIRA E REGAR OS CANTEIROS”, DIZ NUNO MARKL. MAS NINGUÉM ACEDE À SUGESTÃO

Sumário

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