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Cascais

A autarquia tem 32 pedidos de indemnização pendentes. Uma das lesadas conta como foi informada que “o seguro caducou”.

Por Alexandre R. Malhado

Câmara ficou sem seguro e prejudica munícipes

Era mais um chuvoso dia de dezembro. Isabel Santos conduzia em direção a Tires, Cascais, para deixar a mãe em casa. Chegada ao destino, aproximou o carro do passeio para a deixar mesmo à porta de casa – mal sabendo que a autarquia tinha retirado as tampas das sarjetas. “Quando dou por mim, só ouço o carro a partir-se todo por baixo”, afirmou a queixosa à SÁBADO. E sobre a câmara de Cascais, acrescentou: “O tempo ficou mau e decidiram tirar as tampas das sarjetas sem qualquer aviso.”

Fez um pedido de indemnização à autarquia. Os estragos (dentro e fora da estrada) estavam à vista: 15 dias sem carro e 1.600 euros em arranjos. “Partiu-se o resguardo, a parte de baixo do carro; o intercooler, a ventoinha, etc. Tive de pedir dinheiro emprestado, não tinha como pagar. E durante aqueles dias sem carro, tive de pedir boleia a amigos e às minhas filhas”, conta. O perito até deu razão à queixosa – mas volvidos cerca de três meses, tem saltitado entre a autarquia e a seguradora Allianz, sem ter recibo um único cêntimo. Isto porque… a Câmara Municipal de Cascais terá deixado caducar a respetiva apólice do seguro de responsabilidade civil naquela seguradora.

Isabel Santos soube por telefone. Ao saber que o relatório de peritagem estava concluído, contactou a Allianz que respondeu apenas: “Fale com a câmara. Neste momento, não lhe podemos dizer mais nada sobre o assunto.” Foi o que fez. A resposta? “A razão é muito simples. É que não pagámos o recibo de 2022. Mas vamos mudar de seguradora”, respondeu um dos funcionários da unidade de gestão patrimonial móvel da autarquia, relata a própria Isabel Santos.

Aos olhos da queixosa, “isto é grave”. “Imagine um acidente em que acontece uma morte? E acredito que estou longe de ser o único caso”, acrescenta.

A justificação de Cascais

À SÁBADO, fonte oficial da câmara explica que mudou de seguradora em março – e que os 32 casos que tem por resolver não se devem ao seguro caducado, mas sim por estarem em “análise na seguradora”. “Estão pendentes 32 pedidos, não pela ausência de um seguro de responsabilidade civil, mas porque estão em análise na seguradora e por esse motivo ainda não temos conhecimento da decisão final”, garante a autarquia. Segundo Cascais, o contrato com a Allianz esteve em vigor entre 1 de março de 2022 a 28 de fevereiro de 2023. “Desde 1 de março de 2023, foram adjudicados novos contratos de seguros, na sequência de um novo procedimento de contratação pública.”

Uma coisa é certa: no passado dia 23 de fevereiro, Isabel Santos fez um ultimato ao presidente da Câmara, Carlos Carreiras. “Fiz quase um livro com a papelada toda. Dei 30 dias para ser ressarcida. Se nada for feito… vou para outras instâncias”, lamentou. “Acho que não é justo que eu, que sou cidadã e pago os meus impostos a tempo e horas, a autarquia leva-me balúrdios em IMI, então que me paguem o que têm a pagar.” ●

“NÃO PAGÁMOS O RECIBO DE 2022”, CONFESSOU UM FUNCIONÁRIO. A CÂMARA NEGA E DIZ QUE SÓ MUDOU DE SEGURADORA

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2023-03-16T07:00:00.0000000Z

2023-03-16T07:00:00.0000000Z

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