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O QUE É VERDADE NESTA PRODIGIOSA AUTOFICÇÃO?

Emmanuel Carrère ia escrever sobre a prática de Yoga e meditação e a sua influência na sua vida, só que a doença mental – uma depressão profunda com compulsões suicidas que lhe vale o diagnóstico de transtorno bipolar – e, enfim, a vida desviaram-no do ponto. O resultado é esta espécie de diário, em que cada capítulo (quase sempre curto, perfeito para o “pega e larga” da praia) não é um dia mas um assunto aparentemente distinto do(s) anterior(es) – e, no entanto, segue uma cronologia e nada tem que não seja essencial.

Prodigiosa autoficção – género que é a especialidade do autor de obras como O Adversário, história real de um serial killer, ou os autorreferenciais Um Romance Russo e Outras Vidas que Não a Minha, que cita em Yoga –, apoia-se inteiramente na sua história pessoal (do retiro de silêncio à ilha dos refugiados, do internamento psiquiátrico à entrevista para o The New York Times), mas também à intimidade, o que provocou polémica em França, com a ex-mulher a acusá-lo de expor a sua vida privada no livro. No entanto, ele, que defende que a literatura é o lugar da verdade, também nos revela no fim que nem tudo o que ali está aconteceu. Chega a referir quem e o quê, mas… estará a mentir?

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2022-08-11T07:00:00.0000000Z

2022-08-11T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/283248806717252

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