Cofina

ESTREIAS QUE NOS PASSARAM AO LADO

Bélgica e Países Baixos, Hungria, França, Japão, Canadá, Inglaterra e EUA são cenários para sete séries de televisão que podem ter passado despercebidas, mas valem muito a pena. Crime, comédia, relações sociais, espionagem e drama com selo de qualidade.

Por Ricardo Santos

É natural que algumas destas séries tenham escapado ao seu radar. Afinal, a quantidade anual de produções é imensa: só em 2021 foram feitas 559 destinadas ao público adulto

EM 2021, o número de séries de televisão, para um público adulto, estreadas na televisão, no cabo e nas plataformas de streaming em todo o mundo chegou às 559. E não entram aqui as séries infantis e juvenis. Os números do relatório do FX Content Research mostram que houve um aumento de mais de 60 séries em relação a 2020. Há 20 anos, a produção não chegava às 200 por ano.

Com a diversidade de plataformas e esta quantidade de conteúdos – mas também de filmes (cerca de 12 mil por ano, em todo o mundo) – disponíveis no mercado, é perfeitamente normal que alguns nos passem ao lado. Já para não falar da dificuldade que representam certos menus de opções dos serviços por cabo e online. A pensar nisso, fomos à procura de séries disponíveis que merecem ser destacadas.

Começamos na Bélgica e nos Países Baixos, com três temporadas de Undercover, a história baseada em acontecimentos verídicos de uma dupla de agentes da Polícia infiltrados no mundo dos traficantes de Ecstasy do centro da Europa. Foi lançada em 2019, criada por Nico Moolenaar, com temporadas subsequentes em 2020 e 2021. O sucesso foi tal que, no ano passado, a trama deu origem a uma prequela – Ferry, sobre a vida do principal traficante de Undercover, representado por Frank Lammers em qualquer uma das produções. Está tudo disponível na Netflix, com episódios a rondar os 50 minutos e direito a tiroteios, suspense, parques de campismo e reviravoltas surpreendentes.

Viramo-nos agora para a HBO Max, com The Informant, série húngara de oito episódios passada em 1985, realizada por Bálint Szentgyörgyi. Um campeão de xadrez universitário (interpretado por Gergely Váradi) guarda um segredo que lhe vale ser chantageado pela polícia política. Em troca do silêncio terá que espiar um colega de faculdade, líder pró-democracia num país a tentar transitar do Comunismo. À altura do lançamento (início de abril), surgiram rumores de que uma das personagens principais seria baseada em Viktor Orbán, o polémico líder da Hungria, e nas suas vivências na década de 80. Só por isso, já desperta curiosidade.

De Inglaterra surge Top Boy, lançada em abril de 2019, mas já reaproveitada de uma série britânica emitida entre 2011 e 2013 no Channel 4. Agora na Netflix, com o dedo do músico canadiano Drake (também pro

dutor executivo de Euphoria), tem duas temporadas (18 episódios no total) e inclui membros do elenco original de há mais de uma década, como Ashley Roberts e Kane Robinson. Tudo se passa em Londres, com o regresso a casa de um traficante de droga que quer voltar a ser o dono daquilo tudo. O remake parece ter resultado na perfeição, já que a terceira – e última – temporada está programada para 2023. Tempo de sobra para apanhar o fio à meada.

No registo anglo-saxónico (e ainda via Netflix), há que dar uma oportunidade a Space Force, série de comédia norte-americana criada (com Greg Daniels) e interpretada por Steve Carell. Inclui ainda John Malkovich e Ben Schwartz, entre outros. A sátira aos tempos atuais – com uma pitada ainda maior de absurdo – tem duas temporadas, de 10 e sete episódios cada, e estreou em maio de 2020. A segunda foi lançada em fevereiro deste ano. Carell é o General responsável pela Força Espacial, o sexto ramo das Forças Armadas dos Estados Unidos, e todos os dias tem grandes desafios pela frente, para os quais nunca está preparado.

Eric Cantona, o enfant terrible do futebol, também é ator e mostra-o de forma relevante em Recursos Desumanos, também uma produção Netflix, baseada em acontecimentos reais, em seis episódios, uma temporada, estreada em 2020. A antiga estrela do Man United é Alain Delambre, um desempregado de 57 anos, com o subsídio de desemprego a chegar ao fim e

O ex-futebolista Eric Cantona é a estrela de Recursos Desumanos, sobre um desempregado de 57 anos a quem é oferecido um lugar em que terá que demitir mais de mil pessoas

sem grandes perspetivas de recuperar financeiramente do desaire. Um grito contra o capitalismo e contra a falta de aproveitamento da força laboral acima da meia-idade. Até que lhe é oferecida uma posição em que terá que demitir mais de mil pessoas de uma empresa, submetendo-as a um teste tão especial quanto invulgar.

De França, voamos para o Japão, mais concretamente para a capital, onde decorre a ação de Tokyo Vice, com Ken Watanabe e Ansel Elgort. É uma série original da HBO Max (10 episódios), lançada no início de abril de 2022, e traça um retrato do submundo do crime no Japão, no início do século XXI. Um dos produtores-executivos é Michael Mann, responsável também pela mais recente vida do fenómeno Miami Vice. Tudo se baseia no livro de Jake Adelstein, jovem estudante do Missouri que, em 1999, se tornou o primeiro jornalista não japonês de uma das principais publicações nipónicas. Foi assim que entrou no mundo dos yakuza e sobreviveu para contar a história.

Terminamos com uma das séries de comédia mais premiada e elogiada dos últimos tempos: Schitt’s Creek, que vem do Canadá e tem seis temporadas, num total de 80 episódios. Estreou em 2015, mas só em novembro de 2020 chegou a Portugal, trazendo no currículo da última temporada sete Emmys, os principais na área da comédia. Dirigida por Dan Levy, conta a história de um magnata dos clubes de vídeo e da sua família, perseguidos pelas autoridades tributárias, caídos em desgraça e tendo como único património uma pequena cidade do interior, que tem o nome da série. É lá que pais e filhos terão de reaprender a viver. Está disponível no TVCine Emotion. ●

Séries

pt-pt

2022-05-12T07:00:00.0000000Z

2022-05-12T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/282978223594802

Cofina