Cinema A nova versão de Gritos
Em 1996, um filme reanimou o cinema de terror e colocou-o na cultura de massas como nenhum outro. Um novo capítulo da série Gritos está aí para provar que a fórmula ainda funciona.
Por André Santos O Projeto Blair Witch
ESTA NOVA versão de Gritos começa em modo de autoanálise. Uma rapariga, numa cozinha, atende o telefone de um número desconhecido. Uma conversa que parece inocente rapidamente se torna uma ameaça. A ameaça torna-se medo. O medo torna-se realidade.
Já estivemos aqui: é assim que começa o primeiro Gri
Volta-se à cidade original e antigas personagens, como as interpretadas por Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette entram em cena
tos (1996), de Wes Craven; Drew Barrymore é substituída por Jenna Ortega. O assassino é o mesmo de sempre – alguém com uma máscara de Ghostface. Se sabemos para onde isto vai, porquê ir de novo? A resposta é simples: porque continua a deixar-nos tensos, com os nervos à flor da pele.
Eis o que se passa: se o Gritos original trabalhava os códigos dos filmes slasher e ia buscar pormenores de outros filmes de terror para trabalhar o seu argumento, este Gritos, realizado por Matt Bettinelli-Olpin e Tyler Gillett, pega nessa ideia e reconstrói-a num contexto de uma ficção onde a história de Gritos é real e também ficcionada (o filme existe dentro do próprio filme) e do atual panorama de filmes de terror, onde há um misto de sequelas, prequelas, remakes e, em simultâneo, a construção de universos de terror mais artísticos. Voltamos à cena inicial: Gritos goza com isto tudo na primeira chamada telefónica.
Aliás, se há coisa que esta versão faz muito bem é estar constantemente a explicar porque é que existe. E não, não causa enfado. Não é des
necessário, faz parte da leitura muito interessante que os argumentistas (James Vanderbilt e Guy Busick) fazem para justificar que exista um Gritos em 2022. Os seus argumentos são convincentes, mas mais convincente é a história: ainda funciona, ainda surpreende.
Volta-se à cidade original, Woodsboro, surgem novas personagens que rapidamente vão buscar as antigas e, assim, entram em cena figuras elementares do universo de Gritos: Neve Campbell, Courteney Cox e David Arquette. Ao olhar para si, este Gritos faz-nos pensar como o cinema de terror passou a olhar para ele mesmo desde o filme original (ver caixas).
Era difícil voltar a ter a sensação de ver o original pela primeira vez. Este novo Gritos consegue-o com estrondo e elegância. ●
Sumário
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