Cofina

Champions

Primeiro saiu Neymar, depois Rakitic, Vidal ou Suárez e agora Griezmann e Messi. A equipa culé, campeã pela última vez em 2019, está a renovar-se. Quem são e o que valem as novas figuras?

Por Carlos Torres

O novo Barcelona mete medo ao Benfica?

GATTUSO SOBRE RIQUI PUIG: “A MANEIRA COMO TOCA NA BOLA É MARAVILHOSA. É COMO UMA POESIA”

Há 60 anos que o Benfica não ganha ao Barcelona. A única vitória aconteceu na final da Taça dos Campeões Europeus de 1961 (3-2). Seguiram-se seis confrontos na UEFA, com três empates e três triunfos catalães.

Dia 29, no estádio da Luz, o Benfica tem hipótese de quebrar este longo jejum. É que este Barcelona, que ao fim de 21 anos ficou sem Lionel Messi, já não é um colosso europeu.

A queda começou em 2017, com a ida de Neymar para o PSG (seguiram-se outras figuras, de Rakitic a Suárez), com os resultados na Champions a revelarem a quebra de qualidade de um clube em grave crise financeira – ainda com Messi, foi eliminado com goleadas nas últimas quatro épocas: Roma (3-0), Liverpool (4-0), Bayern Munique (8-2) e PSG (4-1).

Na atual, após a derrota (3-0) contra o Bayern Munique, Piqué referiu: “Na primeira parte até competimos, mas entraram muitos rapazes de 18 anos. É o que há...” Sem dinheiro, o clube tentou colmatar as saídas dos seus maiores craques com a chegada de avançados a custo zero (Agüero, Depay e De Jong) e com a aposta em miúdos. Conheça cinco casos.

1 Riqui Puig: moda e perfumes

“Graças a mim, este clube tem futuro”, disse Ronald Koeman, referindo-se à sua aposta nos jovens, casos de Pedri, Demir, Ilaix, Mingueza ou Gavi.

Riqui Puig é outro desses talentos. Mas o médio, de 22 anos, não tem tido boa relação com o técnico ho

MEMPHIS TEVE UMA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA DIFÍCEIS. COM 12 ANOS BEBIA ÁLCOOL E FUMAVA DROGAS LEVES

landês, que já o aconselhou a sair (na época passada, Benfica e FC Porto quiseram recebê-lo por empréstimo).

Mas Riqui acredita que vai vingar. “Nunca vou desistir”, disse à Barça TV em janeiro de 2021, a seguir ao penálti decisivo que marcou na supertaça.

Riqui nasceu em Matadepera, perto de Barcelona, e em criança praticava hóquei em campo (uma tradição da família) e ténis. O futebol surgiu por acaso, no Jábac Terrassa, onde jogara o pai, hoje um empresário de sucesso no setor da moda e dos perfumes.

Chegou ao Barcelona com 14 anos.

2 Memphis Depay, 27 anos

Era um desejo de Koeman, que o tinha treinado na seleção holandesa. No Barcelona, soma 5 jogos, 2 golos e uma assistência Mas nos juvenis e juniores era muitas vezes suplente, por ser pequeno e franzino (mede 1,69 m). Com grande habilidade e precisão de passe, é muitas vezes comparado a Xavi e Iniesta.

“Ele às vezes parece uma criança, mas a maneira como toca na bola é maravilhosa. É como uma poesia”, disse Gattuso, treinador do Milan, depois de o ver jogar em 2018/19.

2 Memphis Depay: corte com o pai

O avançado era um desejo de Koeman, que já o tinha treinado com sucesso na seleção holandesa (oito golos e cinco assistências em 12 jogos) e quis contratá-lo na época 2020/21 (o Lyon pediu 30 milhões de euros).

Com 27 anos, é um avançado experiente, com forte personalidade e espírito combativo – características que moldou na infância e adolescência difíceis. Os pais (a mãe é holandesa e o pai ganês) não se davam bem (as discussões até meteram polícia) e aos 4 anos o pai abandonou-o – desde 2012 que decidiu não ter o nome Depay na camisola. A partir dos 9, a sua vida piorou, quando a mãe foi viver com outro homem, pois os filhos dele (mais velhos) batiam-lhe. Tornou-se um miúdo problemático (com 12 anos bebia e fumava drogas leves).

Foi salvo pela música (descarregava a raiva nas canções de hip hop, que continua a compor) e pelo futebol – com 12 anos mudou-se do Sparta de Roterdão para a academia do PSV Eindhoven. Ainda assim, continuava a discutir com professores e treinadores – foi expulso de várias escolas.

Brilhou no PSV, falhou no Manchester United (era notícia pelos Rolls-Royces e roupas caras) e voltou a ter sucesso no Lyon. Agora chega ao clube dos seus sonhos, como contou a avó: “Desde os 4 anos que ele dizia que queria jogar no Barcelona.”

3 Pedri: aos 10 anos já era Iniesta

Em janeiro de 2021, após Pedri ter tido duas assistências decisivas nas Q

Q vitórias do Barcelona sobre Valladolid e Atlético Bilbau, a imprensa catalã falava do “sócio perfeito” para Messi, órfão desde as saídas de Xavi, Iniesta e Neymar. Pormenor: no final desses jogos, Pedri voltou para casa de táxi, pois nem tinha idade para ter carta de condução. Com 18 anos, o médio foi, na última época, o futebolista no mundo com mais jogos: 73, entre Barcelona e seleções espanholas.

Pedro López nasceu em Tegueste (Tenerife) a 25 de novembro de 2002 e começou a jogar com 8 anos no Juventud Laguna. Ao fim de duas épocas, o treinador, Rubén Delgado, já dizia que ele parecia Iniesta por jogar “sempre de cabeça levantada, simples e rápido, sem falhar um passe”.

Com 12 anos, não ficou no Tenerife - acharam-no pequeno e magrinho. Aos 15 foi para os juniores do Las Palmas, e ao fim de uma época estreou-se na equipa principal (II Divisão). O Barcelona (o clube do coração) pagou 5 milhões por ele, apesar do interesse de Real Madrid e Chelsea. Em 2019/20, com 16 anos, continuou no Las Palmas e foi o mais utilizado: esteve em 36 dos 42 jogos (falhou quatro por ir ao Mundial sub-17).

No verão de 2020, Koeman começou por dizer que, como era tão jovem, seria melhor voltar a emprestá-lo. Mas o treinador mudou de ideias e Pedri foi-se impondo (42 jogos, três golos e quatro assistências). E até foi convocado por Luis Enrique para o Euro 2020. A 14 de junho, com 18 anos e 6 meses, Pedri jogou contra a Suécia e tornou-se o mais jovem de sempre a envergar a camisola da seleção espanhola num Europeu ou Mundial.

4 Sergio Agüero: triste sem Messi

Quase que rebentava outra bomba na Catalunha este verão. Após a ida de Messi para o PSG, Agüero, que se mudara para o Barcelona para jogar com o seu amigo, terá tentado sair. Segundo a imprensa, o avançado sentiu-se traído pelo presidente Laporta e procurou, com a ajuda do advogado, arranjar um argumento válido para anular o contrato. Agüero acabou por ficar, mas continua longe dos relvados, a recuperar de uma lesão muscular (só deverá voltar aos treinos em

COM 10 ANOS, PEDRI JÁ PARECIA INIESTA, “SEMPRE DE CABEÇA LEVANTADA, SEM FALHAR UM PASSE”

meados de outubro e falha o Benfica).

O argentino chegou a custo zero depois de terminar o contrato com o Manchester City, onde jogou 10 épocas e conquistou 15 títulos (cinco campeonatos) – é o maior goleador do clube, com 260 golos em 389 jogos.

Mas Agüero está longe dos tempos áureos. Até vai ter uma estátua à entrada do estádio do City – foi o herói na época 2011/12, ao marcar aos 93 minutos o golo que deu ao clube o título de campeão que escapava há 44 anos –, mas sai pela porta pequena, pois na última época apenas esteve em 20 jogos (seis golos), e só em dois cumpriu os 90 minutos. Com 33 anos, num Barcelona em crise, insatisfeito por ter ficado sem Messi, irá reerguer-se ou afundar-se ainda mais?

5 Luuk de Jong: o herói do Sevilha

Chegou ao Barcelona in extremis: foi oficializado às 3h21 de 1 de setembro (já após o fecho do mercado), depois de a Liga espanhola ter demorado a fiscalizar as cláusulas do contrato (foi emprestado pelo Sevilha).

“É o maior passo da minha carreira, mas penso que já provei a minha qualidade ao mais alto nível”, revelou o avançado, que tem na carreira 209 golos em 536 jogos. De Jong teve uma má prestação no Sevilha em 2020/21 (4 golos em 34 jogos), mas já tinha sido o herói dos andaluzes na final da Liga Europa de 2020: marcou dois golos ao Inter Milão (3-2).

Luuk nasceu em Aigle, na Suíça (os pais, holandeses, eram ali jogadores profissionais de voleibol), mas foi na Holanda, no DZC ’68, que começou no futebol. Seguiu-se o De Graafschap, onde se estreou como sénior aos 18 anos. Em 2009/10 mudou-se para o Twente, e esteve na conquista do único título de campeão do clube.

No verão de 2012, entrou em guerra com o presidente do Twente, dizendo que ele estava a inflacionar o seu preço, para não o deixar sair. Acabou por se mudar para o Borussia Mönchengladbach por €15 milhões, mas na Alemanha não teve grande sucesso, o mesmo acontecendo no Newcastle. Voltou à Holanda, e em cinco épocas ganhou três campeonatos no PSV, onde jogou com Memphis Depay. “Dávamo-nos muito bem, entendíamo-nos em campo sem precisar de falar. Espero que no Barcelona também seja assim.” W

Sumário

pt-pt

2021-09-23T07:00:00.0000000Z

2021-09-23T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/282926683538094

Cofina