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Joias

Parecem iguais, mas um deles é produzido em laboratório através da energia solar. Espanha vai fabricar estas pedras de forma sustentável.

Por Lucília Galha

Espanha vai fabricar diamantes produzidos através da energia solar

A FÁBRICA DE JOIAS EM ESPANHA VAI DAR EMPREGO A MAIS DE 650 PESSOAS E DEVE ARRANCAR EM 2024

Por estes dias, Trujillo está cada vez mais na mira de Hollywood. A pequena cidade da província de Cáceres, em Espanha, com apenas 9 mil habitantes, vai novamente servir de cenário à série Guerra dos Tronos – agora para uma prequela desta produção –, o que já não é propriamente novidade. Desta vez, o município atraiu as atenções de outro grande nome da indústria americana: Leonardo DiCaprio. Não para ser palco de lutas entre famílias com dragões e zombies, mas para acolher uma fábrica de diamantes.

Explicação: o ator americano é investidor e conselheiro de uma empresa que cria diamantes em laboratório, de forma sustentável e “limpa”, e sem o tradicional processo de mineração, que financia as guerras em África – como foi retratado no filme de 2006, Diamante de Sangue, que recebeu cinco nomeações para os Óscares, no qual foi protagonista. Esta empresa, chamada Diamond Foundry, escolheu a cidade de Trujillo para instalar uma fábrica de diamantes.

Fundada em 2012 em Silicon Valley, a companhia fabrica estas pedras preciosas com recurso a reatores de plasma que reproduzem as condições de pressão e de calor necessárias.

E se, através do método natural, são precisos vários milhares de anos para as gerar, estes ficam prontos entre 6 a 10 semanas. Como são necessárias grandes quantidades de energia para o processo, a empresa procura que esta seja de origem renovável. Daí que a escolha tenha recaído sobre um município particularmente soalheiro e com tecnologia fotovoltaica – como este, da Estremadura espanhola.

Será a segunda unidade da companhia que já tem uma fábrica em Wenatchee, no estado de Washington, também com fontes renováveis – é abastecida por energia hidroelétrica gerada na bacia do rio Colúmbia.

Diamantes nos telemóveis

Se tudo correr como planeado, será construída uma fábrica de 30 mil metros quadrados numa zona industrial, onde serão instalados os reatores de plasma que funcionarão 24 horas por dia. Num sítio diferente, que ainda não está decidido, ficará a central solar de 120 megawatts – que ocupará 200 hectares – e um local de armazenamento, com capacidade para mais 60 megawatts. Espera-se que o projeto dê emprego a mais de 650 pessoas e que a produção inicie em 2024.

Os diamantes sintéticos, também chamados “verdes”, já existem desde os anos 50, “mas os custos de produção diminuíram muito nos últimos 10 anos”, explica à SÁBADO o gemólogo Rui Galopim Carvalho. São mais acessíveis, porque são produzidos em maior quantidade – custam cerca de 1/5 do valor, segundo a gemóloga Sandra Ricardo – e hoje são produzidos, essencialmente, para a indústria. “O grande motor de produção do diamante é a tecnologia. Gadgets como telemóveis ou colunas de som levam diamantes sintéticos, até os purificadores de água”, diz Rui Galopim Carvalho. W

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2021-09-23T07:00:00.0000000Z

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