ALIANÇAS – A política dos grandes neste domínio é contestável e contestada. Nalguns casos descambou em disputas pessoais. Noutros tornou-se absurda. Pode ter começado aqui a integração total do CDS no antigo PPD.

ABSTENÇÃO – A “abstenção positiva” pode ser revolta ou desilusão. A “negativa”, apatia, preguiça, impotência ou falta de informação. Costuma ser grande (quase sempre acima dos 35%, e desde 2009 superior a 40%), mas esperava-se que, numa matéria de raízes, o Homem Político se pudesse mobilizar como nunca. O problema é que, nestas ocasiões, faltam verdadeiros independentes em número suficiente, e pode revelar-se o pior dos partidos.

CAMPANHA – Ruído e confusão abundaram. Em muito poucos casos foram discutidos exclusivamente problemas locais.

CDU – Com 24 presidentes de câmara, é ainda a terceira força autárquica. Se deixasse de o ser, seria um desastre. Mesmo num meio ordenado como o PCP.

CHEGA – Com listas escolhidas de forma aparentemente amadora, pode ter exagerado nos seus sonhos de poder. Em várias circunscrições faz figuras tristes, e noutras está muito longe do cheiro a revolução, que anunciava.

COIMBRA – Independentemente de saber quem ganha, a ida do Tribunal Constitucional para a cidade é um ótimo sinal de descentralização inteligente.

COSTA, António – Tem 160 presidências de câmara, mas entretanto sofreu muitas catástrofes. Apesar de estarmos num exame para matéria diferente, o resultado não será neutral para o PS central: em Lisboa, Porto, Q

Q Coimbra, Faro, Sintra, Gaia, Cascais, Amadora e Almada, joga-se “local” e “nacional”. Noutros tempos, António Guterres aproveitou um desastre autárquico para sair do governo.

DESCENTRALIZAÇÃO – O que para aí tem andado é desconcentração e descentralização muitas vezes sem meios. Alguns candidatos têm-se pronunciado sobre isso, mas as coisas importantes ficam de fora na campanha.

ESQUERDA, Bloco de – Anda perdido entre “esquerda” e “social-democracia avançada”. Tal como o Chega, tinha sonhos de grandeza quebrados.

LIBERAL, Iniciativa – Os melhores cartazes, algumas descobertas e trocadilhos de mestre, originalidades e o entendimento dos mecanismos mediáticos. Na moda, não gera ódios, mesmo quando não produz apoios. Mas pode ainda não ser indispensável para formar governos, e às vezes soçobra na demagogia e no simplismo. De qualquer forma, arrisca-se a ser o maior dos pequenos, sobretudo nas grandes urbes e entre a juventude cool.

LOPES, Pedro Santana – O PSD da Figueira da Foz parece mais preocupado com ele do que com qualquer outro. A verdade é que PSL pode regressar como a fénix. E andará por aí, a fiscalizar os erros dos notáveis do momento.

MEDINA, Fernando – Luta pela maioria absoluta, mesmo sem o dizer. Mas pode vê-la inviabilizada por vários partidos, mesmo que declare essa coligação “negativa” e ínvia. Uma Lisboa partilhada é uma boa opção.

MOEDAS, Carlos – Prestação muito honrosa, mas o PSD precisava para a capital mais de um guerreiro do que de um monge.

MOREIRA, Rui – Pode clamar que o que não o mata lhe dá força. Uns olham-no como o fundador espiritual da Iniciativa Liberal. Outros olham-no como aquilo que uma coligação PSD-CDS-PS poderia ter sido. Esmagará?

REGIONALIZAÇÃO – Se a descentralização fosse profunda, completa e consequente, não seria necessária a regionalização. Só um candidato disse isto, por menos palavras.

RIO, Rui – Parte com 98 presidentes de câmara. Qualquer ganho será uma vitória. Mas tem muitas emboscadas pela frente, sobretudo entre ex-militantes e simpatizantes Como dizia o outro, pior do que inimigos são irmãos.

ROSA, Fernando Ribeiro – Um dos poucos casos de sucesso do PSD em Lisboa. Com mandatos renovados, tem conduzido Belém num percurso sereno em centro histórico e turístico, mas com bolsas de problemas sociais.

VOLT – Poderia ser útil como “fiscal europeu” do que se faz e desfaz. Se revelar o federalismo original, pode morrer antes de nascer em Portugal. W