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JOSÉ PACHECO PEREIRA

Quais são os piores cartazes? Quase todos, piores graficamente, sem imaginação e sem conteúdo, e alguns piores politicamente como os dessa gigante da presunção que é a candidata do PSD da Amadora

Professor José Pacheco Pereira Texto escrito segundo o anterior acordo ortográfico

A maldição da Figueira

Alguém lançou uma maldição sobre a Figueira da Foz e espero que não tenham sido os próprios figueirenses. Se votarem no homem das dívidas, vão ter de novo dívidas a infernizar todos os que lhe sucederem e que terão que as pagar, como aconteceu no passado. Podem é ter milhões de euros de fogo de artifício, em troca. Se votarem no homem das dívidas lembrem-se que após perder as eleições entregando a maioria absoluta a Sócrates, lembrem-se de quem, após perder face a Rio, negociando, com a benevolência desleixada deste, lugares no Conselho Nacional, para logo sair e criar um novo partido, dividindo o partido de Sá Carneiro a quem estava sempre a fazer juras de fidelidade. Quando o novo partido e as suas candidaturas falharam redondamente, foi-se mais uma vez embora deixando a casa para os outros arrumarem e pagarem as despesas. Se as sondagens se confirmarem, os figueirenses que não se queixem, estão mesmo amaldiçoados. W

A Ordem dos Advogados eo closed shop

Uma das raras coisas que a troika esteve para fazer bem, mas não fez, foi inquirir sobre o poder corporativo das Ordens, uma sobrevivência do tempo em que os que tinham uma profissão, uma guilda, uma corporação, definiam as regras de acesso à profissão. Formas de corporativismo são comuns no mundo operário, antes nas corporações agora nos sindicatos, e nas profissões chamadas liberais, antes nas corporações e agora nas Ordens, incluindo o pagamento do acesso à profissão, a exclusão dos de fora (da terra, da cidade, da província, do país) para proteger o emprego dos de dentro, a exclusão de mulheres, o numerus clausus, a criação de exames de acesso para além dos cursos reconhecidos pelo Estado, a obrigatoriedade de longos períodos de aprendizagem e por adiante. Todos estes métodos de closed shop são conhecidos, antigos, com grandes tradições, e ilegalizados na Convenção Europeia dos Direitos Humanos. O seu objectivo é claro: impedir que os que pretendem aceder a uma profissão possam competir com os que já lá estão.

A Ordem dos Advogados, com o voto de menos de duas centenas de advogados, divididos na votação, numa

profissão com cerca de 40.000 inscritos, aprovou a obrigatoriedade do mestrado para o exercício da profissão, típico closed shop. Os liberais genuínos devem protestar, enquanto os “liberais iniciativos” estão distraídos. W

Para quem anda aos papéis...

...a verdadeira dimensão destas autárquicas vê-se na paredes, nas rotundas, nos postes e nos candeeiros: milhares e milhares de cartazes, correspondendo a várias versões por campanha, agora com o “vote” que estava proibido nas chamadas pré-campanhas. Quais são os piores? Quase todos, piores graficamente, sem imaginação e sem conteúdo, e alguns piores politicamente como os dessa gigante da presunção que é a candidata do PSD da Amadora. Os da CDU são muito fracos, os do PS e do PSD irregulares, alguns bons, a maioria maus. Mas bons mesmo, mais uma vez, são os da Iniciativa Liberal da freguesia de Santo António. Quem passar por lá tem os “candidatos” Stuart Mill (o melhor), os fundadores da democracia americana, De Gaulle, Reagan e Churchill, Salgueiro Maia para haver um português do 25 de Abril que tem a vantagem de estar morto, Hanna Arendt. Estranha a falta de Hayek ou Friedman, já para não falar de Bakunine, que estava entre os ícones do liberalismo na pioneira livraria Laissez Faire de Nova Iorque. O título comum é “Avenida para a Liberdade”, e mostram como é possível fazer uma campanha culta para toda a gente. Parabéns. Claro que há um pequeno problema, com excepção de Stuart Mill, é muito difícil chamar liberais a Churchill, De Gaulle e Reagan…

José Augusto França

Morreu José Augusto França, já meio esquecido como é habitual nesta terra. Para além da sua longa carreira de historiador da cultura, França fez sozinho emergir uma nova disciplina, a Crítica de Arte, associando os cultores dessa crítica à organização internacional, a AICA. Era atacado porque era temido, até porque o seu poder ia mais além dos julgamentos dos seus textos. Mas, numa altura em que havia mecenas a patrocinar prémios a artistas, o seu papel nas escolhas era decisivo. Por isso mesmo, nunca foi estimado como é habitual em meios pequenos onde a fome é muita e os recursos escassos.

Sumário

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2021-09-23T07:00:00.0000000Z

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