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OBRAS QUE TEM DE LER JÁ

O regresso de Marilynne Robinson e a chegada a Portugal do romance mais traduzido e premiado de Eduardo Halfon são só duas das boas notícias que temos para lhe dar.

Por Eduardo Pitta Marilynne Robinson • Relógio d’Água

COMEÇAR pelo princípio: Marilynne Robinson (n. 1943), voz maior da literatura norte-americana, está de volta com Jack.

Com ação em Gilead, a cidade que empresta o nome ao título do romance que a fez vencer o Pulitzer de Ficção em 2005, o livro conta a história de Jack Boughton, filho “problemático” de um pastor presbiteriano.

Já o conhecemos de Gilead, Home e Lila, romances anteriores da tetralogia. O ponto crítico está na ligação amorosa de um homem branco com uma mulher negra, na América dos anos 50. Ser professora e filha de um bispo metodista influente na comunidade negra não isenta Della Miles dos interditos da lei. Mas a vexata quaestio nem sequer reside aí. Para Robinson, a questão é pôr em pauta o tipo de país em que a América se transformou. Notável.

Finalmente podemos ler Luto

em português. Trata-se do romance mais traduzido e premiado do guatemalteco Eduardo Halfon (n. 1971), judeu mizrahim que nos faz mergulhar no horror de um país destroçado pela guerra civil. No verão de 1981, antes de completar 10 anos, o narrador muda-se com os pais para os

Estados Unidos. O relato será feito a partir da Flórida, a pretexto da memória de um tio que nunca conheceu.

A Trilogia da Cidade de K. traz de volta os livros mais famosos de Agota Kristof (1935-2011), a escritora que fugiu para a Suíça após o fracasso da Revolução Húngara de 1956. Em Neuchâtel, tornou-se cidadã helvética e publicou em francês.

Reunidos em volume único,

O Caderno Grande (1986),

A Prova (1988) e A Terceira Mentira (1992) contam a história de dois gémeos amorais, vítimas da guerra e toda a espécie de iniquidades. Escrito em capítulos muito curtos, O Caderno

Finalmente podemos ler Luto em português. Trata-se do romance mais traduzido e premiado do guatemalteco Eduardo Halfon, que nos faz mergulhar no horror de um país destroçado pela guerra civil

(…) suscitou controvérsia quando foi publicado, dando origem a um processo judicial (as cenas de sexo e crime foram consideradas pornográficas). Os outros dois romances têm uma estrutura mais convencional.

Sessenta anos após a sua primeira publicação, Chamada Para o Morto volta às livrarias com uma introdução escrita para assinalar a data pelo próprio John le Carré (1931-2020). O livro marca o “nascimento” de Smiley, o espião improvável com quem Le Carré cresceu e amadureceu. Chamada Para o Morto é o primeiro de nove romances centrados na figura desse erudito da cultura alemã que fará dos serviços secretos a sua razão de vida (a mulher,

Lady Ann Sercomb, trocou-o por um piloto cubano de Fórmula 1). O plot gira em torno do alegado suicídio de Samuel Fennan, funcionário do Foreign Office britânico.

Condensar a história inglesa entre o século V e o fim dos anos 90 numa síntese rigorosa, foi o que fez Simon Jenkins (n. 1943) ao escrever esta Breve História de Inglaterra. O autor faz um tour d’horizon estimulante, que nos leva da Alvorada Saxónica ao legado de Thatcher, dissecando temas como a Reforma religiosa ou o Estado-Providência criado em 1945. A obra inclui datas-chave e a lista de todos os soberanos e primeiros-ministros do Reino Unido.

A morte de Marcelino da Mata, controverso oficial dos Comandos, acordou fantasmas da Guerra Colonial. Um deles, porventura o mais polémico, foi a invasão falhada da Guiné-Conacri, em novembro de 1970. Efetuado por via marítima, o golpe visava capturar Amílcar Cabral, líder do PAIGC, libertar prisioneiros portugueses, levar os oposicionistas de Sékou Touré ao poder, e destruir os caças russos Mig. Operação Mar Verde, de António Luís Marinho, expõe os factos com exemplar minúcia: Amílcar Cabral não foi encontrado, não havia Migs no aeroporto de Conacri, os oposicionistas da FLNG não conseguiram eliminar Sékou Touré. Portugal desmentiu tudo. Prefaciado por Guilherme Alpoim Calvão, responsável pela tentativa desse coup d’État, o volume inclui dezenas de fotografias, índice onomástico e, em anexo, documentação militar. Um documento para a História. W

Condensar rigorosamente a história inglesa entre o século Veo fim dos anos 90 foi o que fez Simon Jenkins ao escrever

Breve História de Inglaterra

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2021-06-24T07:00:00.0000000Z

2021-06-24T07:00:00.0000000Z

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