Cofina

DOCE FRANCÊS, SOTAQUE ANGOLANO

São franco-angolanas e amantes de pastelaria há gerações. A Zukar é um projeto de pastelaria artesanal de mãe e filha.

Por Catarina Moura

não se desmanchou mas, quando abriram a porta e percebeu que um jogador do Sporting tinha encomendado um dos seus bolos, ganhou o dia. “A noite toda! Não parou de falar nisso”, diz Muriel, a mãe dela e sócia no Zukar. Esta pastelaria de estilo francês e alma angolana nasceu numa cozinha de casa e ganhou dimensão e fama, alegra-se Laura Nascimento. Depois da abertura de um ateliê em Lisboa, o objetivo para o verão é angariar dinheiro para alimentar crianças em Luanda.

Aos 57 anos, Muriel, francesa que trabalhou durante anos como professora de crianças em Angola, tem a felicidade de estar a aprender uma nova profissão. A filha, Laura, franco-angolana,

Durante o verão, a Zukar vai doar €1 por cada bolo vendido a uma ONG angolana que financia merendas escolares

trabalhou em pastelarias parisienses e ensina-lhe a técnica com rigor.

Não é difícil porque sempre conheceu os brioches, os fraisiers e tartes de chocolate. “Via as minhas avôs fazerem as receitas tradicionais, mais rústicas. Até a minha mãe, que não passava muito tempo na cozinha, fazia massa das tartes. Parte-me o coração ver que compram massas feitas”, diz de mão no peito.

Aqui, como se lê na montra, é tudo artesanal e de produtores o mais próximos possível.

Nunca tinham vivido em Lisboa, mas era um sonho que mantinha desde os anos 80, quando visitou a cidade pela primeira vez. Ainda se encanta com o prédio forrado a azulejos do outro lado da rua, perto da Graça. Para Laura, que nos anos 80 ainda não andava neste mundo, Lisboa foi o meio caminho entre Paris e Luanda – tal como a pastelaria que cria.

As pavlovas têm frutos tropicais e as tartes de caramelo salgado levam amendoim, ou, como lhe chama automaticamente, ginguba. “Voltei a Luanda há pouco tempo e andei a provar muita fruta para tentar inspirar-me”, conta Laura, que promete esses novos sabores para breve.

A ligação final a Angola faz-se, durante este verão, através da ONG Mulemba, que financia merendas escolares para crianças desfavorecidas. Por cada bolo vendido, vão doar um euro, e com cada euro compram-se quatro lanches.

Depois das produções limitadas em casa, conseguiram um espaço de cozinha bem artilhado e com um átrio monumental. “Toda a gente diz que temos de fazer aqui um café”, confessa a mãe para logo avisar que isso não está para breve. Entre dar seguimento a dezenas de bolos requintadamente decorados e explicar aos clientes porque é que não há tartes de morango no tempo frio, não há mãos a medir. W

Gps | Gourmet

pt-pt

2021-06-24T07:00:00.0000000Z

2021-06-24T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/282681870224719

Cofina