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GANHARAM OS OUTROS

Mais Sp. Braga num dos melhores jogos da época. No fim, porém, o FC Porto até podia ter ganho

CRÓNICA DE RUI DIAS

ARTUR JORGE

“Está tudo em aberto para os 2º, 3º e 4º lugares”

Um dos melhores jogos da época, entre equipas que se entregaram à missão de o vencer, sem subterfúgios, de peito aberto, sem medo de expressarem as suas forças e as suas fragilidades, terminou sem golos – prova de que o resultado não tem a ver com a qualidade do que as equipas promovem em hora e meia. Ontem assistiu-se a um verdadeiro hino ao futebol, com mais Sp. Braga durante mais tempo do que FC Porto, mas cujo decorrer conduziu a uma dança eletrizante entre parceiros que dominaram a música, os jeitos, os trejeitos, os segredos e os princípios que os orientam. Até essa repartição mais ou menos equitativa, a história passou por uma afirmação mais instantânea por parte dos minhotos e por uma reação portista gradual a um início difícil. Os primeiros 45 minutos do Sp. Braga só não foram perfeitos porque não traduziram em números o que a equipa jogou; nenhuma equipa nesta época criou tantos problemas ao FC Porto, à custa de um posicionamento irrepreensível, do acerto das suas unidades mais criativas e de um meio-campo que se impôs aos poucos, como uma bola de neve a crescer, até atingir dimensão impressionante. A equipa de Artur Jorge iniciou o processo de domínio no modo como tomou conta da bola; como foi ganhando os duelos, à custa de soluções técnicas mais refinadas e perigosas, e como foi depurando o critério de aproximação à baliza, com base em excelente articulação coletiva. Nessa fase a diferença atingiu expressão surpreendente, de tal forma que Sérgio Conceição foi obrigado a mexer na equipa antes do intervalo. O treinador portista pretendeu agitar a passividade da zona intermediária, acertar posições e tempo de intervenção, bem como ativar os dois flancos, fazendo recuar Pepê para lateral-direito (mais profundidade pela direita) e optando por Galeno na esquerda, de modo a pressionar o até então tranquilo Víctor Gómez. Sérgio interveio para imobilizar o futebol arsenalista, introduzindo fatores que obrigassem o adversário a conter o atrevimento em função de uma nova ameaça. O segundo período foi mais equilibrado, com a emoção a impor-se à medida que o tempo se escoava. A partir de certa altura o

Atuação monstruosa de AL MUSRATI no meio-campo bracarense. Foi a estrela da equipa e o verdadeiro administrador do jogo.

jogo tornou-se um ioiô diabólico, com investidas perigosas de uns e outros, até ao cúmulo final de uma grande ocasião de Evanilson (86’) na cara de Matheus, à qual respondeu o Sp. Braga com duas situações de Pizzi (90’+2 e 90’+4) nas quais decidiu mal perante Diogo Costa. Quando João Pinheiro apitou para o fim, estavam todos no limite: os adeptos com os nervos em franja e os jogadores, no chão, resignados a um 0-0 que não serviu nem um nem outro.

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2023-03-20T07:00:00.0000000Z

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