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O novo Portugal

Octávio Ribeiro Jornalista

çEis o Portugal de Bruno Fernandes. Finalmente, o médio do Manchester United trouxe para a Seleção a dimensão máxima do seu futebol. Ainda estava no Sporting e, nestas humildes linhas, já se escrevia que Bruno Fernandes não lograva transportar para a equipa nacional a leveza genial que mostrava no clube. Assim foi também no United, até agora. A Bruno, os remates não saíam explosivos; os passes não arriscavam as ruturas de que é capaz. Era quase vulgar.

Agora, nestes dois jogos que já garantiram o apuramento de Portugal, surgiu o melhor Bruno Fernandes que vimos nos clubes. Se continuar com este acerto e arrojo, será uma das figuras deste Mundial. Depois, ou o United cresce ou será demasiado pequeno para o médio português.

O que se terá passado na cabeça de Bruno Fernandes – que o problema era, seguramente, mental -, para só agora explodir? A hipótese mais provável está na sombra a que o enorme eucalipto, Ronaldo, condenava toda a corte. Agora, Ronaldo está no fim da carreira. Bruno Fernandes referiu-se ao colega sempre no passado, na excelente intervenção pública que teve antes do primeiro embate neste Mundial. Não sendo especialista na matéria, diria que a psicologia classifica esta catarse como a metafórica ‘morte do pai’. É a altura da vida em que se atinge a maturidade. A segurança nas decisões individuais, sem medo de falhar ou excessivo respeito por vultos tutelares. Bruno cortou as amarras.

Com a natural erosão etária a alterar a correlação de forças no balneário, Bruno Fernandes é agora dos mais experientes e categorizados. Da antiga clique de Ronaldo – que sucedeu à de Luís Figo – só restam Pepe e Rui Patrício. O guardião tem de aceitar um papel secundário, ditado pela classe de Diogo Costa. Pepe é um jogador de equipa. Um grande devorador de títulos. Quer acima de tudo celebrar vitórias. Um português de adoção a quem todos devemos um lugar muito especial no coração da Nação.

SE CONTINUAR COM ESTE ACERTO E ARROJO, [BRUNO FERNANDES] SERÁ UMA DAS FIGURAS DESTE MUNDIAL

Desta passagem de testemunho geracional, muito bem falou Bernardo Silva – a outra figura de proa do novo Portugal. Bernardo recordou que, do grupo onde chegou há cerca de oito anos, já só se mantêm dois ou três jogadores. Lá está.

Ronaldo diz que não persegue recordes, são estes que o perseguem. Ninguém diria, quando se testemunha a sua avidez por assinar um golo que outro artista pintou. Sem o movimento de Ronaldo, a bola arqueada por Bruno Fernandes teria entrado? Talvez não. Mas ninguém melhor do que Ronaldo sabe que nenhuma parte do seu corpo tocou a bola. Não havia necessidade.

PORTUGAL GRUPO H

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2022-12-01T08:00:00.0000000Z

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