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“NUNCA MAIS NINGUÉM QUER VER 9 CONTRA 11”

Como é que alguém leva a sério uma competição em que uma equipa entra em campo com 9?

T M- Foi feito um esforço meritório para, em tempo recorde, conseguir desenvolver um conjunto de garantias regulamentares para que isso não voltasse a acontecer. Esseéof oco principal. Acho queé preciso puxar um bocadinho atrás. Nenhuma atividade do mundo estava preparada para a pandemia. Quando houve a interrupção do futebol e toda a gente meteu as mãos à cabeça, conseguimos fazer aquelas 10 jornadas. Na altura, os regulamentos foram criados para garantir que os jogos acontecessem, fosse em que circunstâncias fosse, com base nas Leis do Jogo, que dizem que tem de haver um mínimo de 7 jogadores. Foi esse regulamento que houve até agora . Nunca mais ninguém quer ver um jogo de 9 contra 11.

Ⓡ Não houve ninguém naquele dia que tivesse percebido que

“DEVE HAVER MUITO POUCOS SETORES EM PORTUGAL QUE TENHAM A CAPACIDADE DE AUTORREGULAÇÃO DOS CLUBES”

aquele jogo não podia acontecer?

TM – Não queria entrar nas particularidades desse jogo, porque há processos em curso nas instâncias disciplinares.

Porque é que essa alteração não foi feita no arranque da temporada, quando até houve uma carta do presidente da FPF a alertar para o risco?

TM – Já puxámos o filme atrás e expliquei porque é que, na altura, se entendeu ir pelas Leis do Jogo. A partir do momento em que fizemos a alteração regulamentar, tem de ser cumprida escrupulosamente e não podemos estar a adiar jogos porque temos 4 ou 5 jogadores com Covid e 2 ou 3 lesionados. Temos tido jogos adiados por decisões dos delegados de saúde, com critérios que não são uniformes, alguns deles em cima da hora.

Faz sentido que sejam os própriosclubesacriarosprópriosregulamentos?

TM – Faz todo o sentido. Há muitas perceções erradas relativamente ao futebol e à capacidade de autorregulação dos clubes. Deve haver muito poucos setores em Portugal que tenham esta capacidade de autorregulação, o que ainda é mais meritório porque estamos a falar de um setor altamente inflamável, muito concorrencial, com um nível de notoriedade enorme. Os clubes têm a capacidade de se sentarem para ajustarem sanções, melhorarem um bem comum, definirem sanções autopunitivas que têm sido cada vez maiores. Exemplos: o crescimento do manual de licenciamento, que aumenta imenso os requisitos que os clubes impõem a si próprios para poderem estar dentro da sua própria atividade; o controlo salarial – gostava de saber em que outra atividade em Portugal se tem de fazer quatro vezes por ano uma demonstração de que não têm atraso aos seus funcionários, sob pena de serem excluídos da atividade.

Ⓡ O Belenenses SAD-Benfica motivou críticas de uma recém ex-diretora-executiva da Liga, Sónia Carneiro. Foi simpático?

TM – Tem de lhe perguntar a ela.

Ⓡ Estou a perguntara sise achou simpático.

TM – Está a falar de que críticas?

Ⓡ Escreveu um artigo em que responsabiliza a Liga por não ter impedido o jogo.

TM – Cada um tem a sua própria opinião e essa crítica tem de perguntar à Sónia, uma extraordinária profissional com quem tive o prazer de trabalhar todos estes anos na Liga e que muito prezo.

Ⓡ Sónia Carneiro saiu em ruptura com a Liga ou com Pedro Proença?

TM –Nãomecabeamimresponder sobre as razões da Sónia.

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TIAGO MADUREIRA

pt-pt

2022-01-21T08:00:00.0000000Z

2022-01-21T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281998970833195

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