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Da má integração à xenofobia é um passo

A COR DO DINHEIRO CAMILO LOURENÇO Analista de economia camilolourenco@gmail.com

Duas pessoas morreram como consequência de um incêndio que deflagrou num apartamento onde viveriam cerca de 20 pessoas, todas imigrantes. À medida em que se vão descobrindo os pormenores que rodearam este caso, o país descobre com horror uma realidade que desconhecia: Portugal recebe imigrantes para fazerem o que os seus nacionais não querem fazer (tal como os portugueses na Paris dos anos 60 e 70) sem as mínimas condições para os albergar.

Em Lisboa, foi preciso uma tragédia para a comunicação social ir ao bairro da Mouraria perceber a dramática alteração social que lá ocorreu: são mais os estrangeiros na rua do Bem Formoso do que portugueses. Resultado: não foi apenas parte de um bairro que perdeu a sua identidade. Foi a descoberta de uma realidade nova e chocante.

Lisboa não está sozinha. Basta visitar algumas regiões do país para encontrar milhares de pessoas que não falam português e vivem em condições precárias. É frequente ouvir nas praças de cidades alentejanas mais gente a falar urdu, bengali ou até inglês do que português.

Isso pode ser um problema? Pode. Sem integração social é fácil aos locais olharem para os recém-chegados como invasores cuja cultura e hábitos se vão impondo aos da terra. Daí à xenofobia é um passo. É só olhar para o que se passou em Olhão para ver que a tragédia pode acontecer ao virar da esquina.

Os portugueses passaram 500 anos a circular pelo mundo, integrando-se sem dificuldade em paragens tão distantes e estranhas quanto Ásia, África e América. Será uma pena deixar que esse atributo ímpar (a capacidade de se entender com culturas desconhecidas) se perca agora por má integração de imigrantes.

OPINIÃO

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2023-02-07T08:00:00.0000000Z

2023-02-07T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281767043378168

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