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Sanções à Rússia chegam ao alumínio

CARLA PEDRO cpedro@negocios.pt

Os Estados Unidos vão impor tarifas de 200% sobre o alumínio proveniente da Rússia. É um novo revés para as exportações russas – e, consequentemente, para a máquina de dinheiro que alimenta a guerra na Ucrânia. Mas isso também pode inflacionar os preços no mercado.

Os Estados Unidos estão a preparar-se para impor uma tarifa de 200% sobre o alumínio produzido na Rússia. E deverá acontecer já esta semana, avançou a Bloomberg na segunda-feira, citando fontes próximas do processo. A notícia não apanhou o mercado totalmente de surpresa, atendendo a que já em dezembro tinha sido referido que a Administração de Joe Biden estava a ponderar aplicar um boicote total ao alumínio russo, em resposta à escalada militar da Rússia na Ucrânia. Mas agora está prestes a tornar-se oficial.

Com o 24 de fevereiro muito próximo – dia em que se assinala um ano de conflito –, Washington quer endurecer a sua posição perante Moscovo. A Casa Branca está a pensar numa proibição total ao alumínio russo e pode consegui-lo elevando as tarifas alfandegárias para níveis tão punitivos que acabarão por se traduzir num boicote efetivo, já que não haverá importação deste metal nos EUA.

Além de estas tarifas funcionarem como uma pressão adicional sobre a Rússia, pelo facto de manter as hostilidades na Ucrânia, são também uma forma de os Estados Unidos “castigarem” Moscovo pelo facto de praticar “dumping” – uma forma de concorrência desleal, uma vez que os produtos são vendidos a um preço abaixo do seu custo real – ao alumínio norte-americano, prejudicando as empresas do país. Ou seja, estas taxas alfandegárias funcionam também como tarifas “anti-dumping”.

LME não concretiza boicote

A Rússia é o segundo maior produtor mundial de alumínio – as compras norte-americanas deste metal de base rondam os 10% das importações totais dos EUA – e isso vale-lhe muitos contratos que levaram a que o Mercado Londrino de Metais (LME) decidisse não avançar com um eventual boicote aos metais industriais provenientes daquele país. Foi a 6 de outubro que o LME lançou um processo formal de debate quanto à possibilidade de banir os metais russos, mas acabou por anunciar em novembro que não iria impedir que fossem negociados e armazenados no seu sistema, isto pelo facto de uma significativa parcela do mercado estar ainda a planear comprar metais a Moscovo em 2023, nomeadamente os três que mais produz: níquel, alumínio e cobre.

Na prática, o boicote significaria que os metais provenientes da Rússia deixariam de poder ser enviados para os armazéns da rede LME em todo o mundo - que guarda os metais que são entregues fisicamente quando os contratos de futuros expiram. Apesar de o “fator LME” não se colocar como um risco para a oferta, as tarifas que vão ser impostas pelos EUA serão uma pressão adicional para o mercado, que deverá ficar mais apertado com o crescimento da produção de veículos elétricos nos próximos anos devido aos novos compromissos de transição ambiental – e especialmente depois de ter sido anunciado que as fundições chinesas da província de Yunnan deverão cortar ainda mais a sua capacidade de refinação devido a falhas de energia. O mercado vai acompanhar com redobrada atenção.

MERCADOS

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2023-02-07T08:00:00.0000000Z

2023-02-07T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281732683639800

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