Ayres Neto, sócio-gerente da The Agency Portugal, rejeita o cenário de bolha imobiliária em Portugal e considera que a importância dos vistos “gold” está “sobrestimada”.

É exagerado o cenário de bolha imobiliária em Portugal?

Completamente exagerado. Há várias razões pelas quais a bolha não se configura em Portugal, como o facto de quase 80% ser proprietário da casa, existindo um volume muito grande de compradores estrangeiros, que adquirem com capitais próprios, sendo que quem está a vender são portugueses, com o dinheiro a voltar ao mercado. Ora, numa bolha, o percentual de financiamento dos imóveis é muito alto.

Então, os preços das casas vão continuar a subir... Vão continuar a subir. É que a oferta é muito menor do que a procura, com os estrangeiros a quererem vir para cá – os brasileiros fogem da violência, os americanos reformados, sendo que as pessoas, depois da pandemia, perceberam que podem trabalhar e controlar a sua companhia via Zoom. Ora, os Estados Unidos têm 330 milhões de habitantes, o Brasil 220 milhões... se uma fração pequenina resolver vir para cá, teremos uma avalancha de compradores a chegar.

Mas há falta de casas... No final de 2025 haverá uma “equilibrada” [entre a

A margem de crescimento do mercado de luxo em Portugal é brutal, sendo ainda embrionário comparado com Beverly Hills. procura e a oferta].

E como vê a polémica sobre os vistos “gold”? Estão completamente sobrestimados, pois valem apenas 0,3% das 300/350 mil transações imobiliárias por ano em Portugal.

Falando do seu setor, o mercado do imobiliário de luxo ainda tem margem de crescimento em Portugal? Acho que temos pouca oferta. A margem de crescimento é brutal. No Brasil, trata-se de um mercado comparado a Beverly Hills. E isto existe em Portugal, mas ainda é embrionário, incipiente comparado a Beverly Hills ou até a zonas ricas do Brasil, de Londres ou de Amesterdão. O potencial de crescimento é fenomenal, para os mediadores imobiliários, arquitetos, construtores... 