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Indústria quer aumentar exportações em 40% até 2025

DIANA DO MAR dianamar@negocios.pt

A Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA) espera elevar as vendas ao exterior ao patamar dos 10 mil milhões de euros dentro de três anos. Mas, para isso, aponta, é preciso “um grande esforço”, assim como o apoio do Governo.

Embora com um défice comercial (acima de 2 mil milhões), a indústria transformadora agroalimentar e de bebidas continua a alimentar o sonho de se tornar exportadora líquida, um objetivo pensado inicialmente para 2020. Sem perder de vista essa meta – que descreve como “realista”, mas já sem arriscar datas –, o presidente da Federação das Indústrias Portuguesas Agroalimentares (FIPA), Jorge Henriques, traça outra para o caminho: elevar as exportações aos 10 mil milhões de euros dentro de três anos.

Faltam os dados oficiais de dezembro para fechar as contas de 2022 mas, a avaliar pelo cômputo dos primeiros onze meses do ano (6,4 mil milhões de euros ou +22,6% face ao período homólogo de 2021), tudo aponta para que as vendas ao exterior da indústria alimentar e de bebidas tenham superado os 7 mil milhões de euros em 2022. Um universo que abrange apenas os produtos transformados, ou seja, exclui, por exemplo, os legumes e frutas. “Se continuarmos a apoiar o conjunto das empresas com capacitação exportadora, em três anos, conseguiremos ultrapassar a barreira dos 10 mil milhões de euros”, o que, a acontecer, traduzirá um crescimento superior a 40%.

Ao Negócios, o dirigente da FIPA, que representa aproximadamente 85% da indústria, ressalva, porém, que, nos tempos que grassam, essa ambição carece de “um grande esforço”. “As empresas estão a fazê-lo” mas, considera

Jorge Henriques, falta uma maior participação do Estado para se cumprir o que entende que deve ser o “desígnio” nacional de ir mais além. “Quando saímos de Portugal qualquer uma das nossas grandes empresas é uma gota de água no oceano – e, ainda assim, conseguimos em muitos dos setores ser extraordinariamente agressivos –, pelo que há muito a fazer no sentido de melhorar a componente da promoção externa e da internacionalização”, avalia.

Neste sentido, do lado do Governo, a FIPA espera “instrumentos” que atendam às preocupações do setor, pedindo mais rigor na alocação de fundos para a promoção externa e uma avaliação do impacto da sua aplicação, mas também “um maior empenho” no eliminar, por exemplo, de barreiras alfandegárias.

Juros: a nova preocupação

Como reconhece Jorge Henriques, a ambição chega num “momento complexo”, atendendo ao “aumento exponencial” dos custos de fatores de produção, das matérias-primas às embalagens, até à energia e aos combustíveis. “São naturalmente fatores extremamente preocupantes e que, em muitas circunstâncias, retiram a competitividade necessária a um setor como este”, enfatiza. E , agora, há uma nova dor de cabeça, sobretudo para as pequenas e médias empresas (que compõem o grosso da indústria) que já lutavam para se manterem à tona das crises dos últimos três anos: a subida das taxas de juro. “Algumas estão a enfrentar enormes dificuldades porque agora estão a cair muitos dos juros relativamente ao seu financiamento”, diz o presidente da FIPA. “É verdadeiramente preocupante porque também terá depois impacto nos níveis de consumo das famílias, com consequências no abrandamento da atividade económica e na faturação das empresas”, alerta.

Previsões pouco animadoras

Em face da atual conjuntura, o responsável antecipa um primeiro semestre “extremamente desafiante”, com “a inflação a manter-se em alta em muitas das matérias-primas alimentares”, um cenário que pode aliviar na segunda metade do ano, dependendo de fatores diversos, como a guerra na Ucrânia, o abrandamento da economia da

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2023-02-07T08:00:00.0000000Z

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