Cofina

Ajudar pobres com mais impostos sobre ricos? Por cá ideia pega menos

JOANA ALMEIDA joanaalmeida@negocios.pt ENTRE OS QUE MENOS QUEREM TAXAR RICOS

Eurobarómetro revela que Portugal é um dos países da UE menos recetivos à ideia de taxar as maiores fortunas para apoiar quem tem menos rendimentos. Mas é em Portugal que as desigualdades de rendimento, são mais percecionadas, à frente dos países de Leste.

Enquanto os Estados Unidos se preparam para aumentar impostos sobre os ricos para financiar medidas sociais, o tema continua a encontrar alguma resistência a nível europeu, especialmente em Portugal. O país é um dos que menos concordam em subir impostos sobre quem tem mais rendimentos para ajudar as famílias mais carenciadas, apesar de ser dos que mais consideram que a desigualdade de rendimentos é atualmente “muito grande”.

O Eurobarómetro, divulgado esta segunda-feira, revela que Portugal é o terceiro país da União Europeia (UE) onde existe um menor consenso sobre uma maior tributação das fortunas como forma de redistribuir riqueza, com 57% dos portugueses a concordarem com essa ideia e 34% a admitirem ser totalmente contra. Os valores comparam com os 67% de aprovação que a medida consegue, em média, nos 27 Estados-membros. Por outro lado, há 29% dos europeus que afirmaram que discordam de um aumento de impostos sobre os mais ricos.

Apenas a França e Itália aparecem com uma taxa de aprovação inferior à registada em Portugal: ambos com 54%. Já a Grécia (88%), Alemanha (86%) e Bulgária e Áustria (ambos 82%) encontraram-se na lista de países onde a esmagadora maioria dos cidadãos – mais de oito em cada dez – considera que “uma tarefa importante do governo é tributar os ricos para apoiar os pobres”.

Os dados do Eurobarómetro mostram ainda que “quase não existem diferenças de género ou idade”, mas os inquiridos mais jovens, com idades entre os 15 e 24 anos, são “menos propensos” a concordar que os Governos devem tributar mais os ricos para apoiar os mais pobres. Os níveis de aprovação da medida são maiores entre os inquiridos que vivem em áreas rurais e cidades pequenas ou médias (ambos com 69%) e aqueles que sentem dificuldades financeiras (70%).

As diferentes perspetivas sobre a tributação dos mais ricos estão, segundo os inquéritos de opinião conduzidos a nível europeu, “correlacionadas com as perceções de justiça social”. Sete em cada dez europeus que acham que não existem atualmente oportunidades iguais para progredir na vida concordam que tributar as maiores fortunas deve ser uma medida a usar pelos Governos para apoiar quem tem menos rendimentos. Os países onde há uma maior perceção sobre as diferenças de rendimentos entre os cida

Resposta dos inquiridos sobre a tributação dos mais ricos para proteger os pobres, em percentagem

Portugal é o terceiro país da União Europeia que menos aprova a ideia de tributar mais as grandes fortunas de forma a garantir proteção social para os mais pobres (57%). Há ainda 34% que rejeitam um aumento de impostos sobre ricos. Apenas a Finlândia e Itália têm taxas de aprovação inferiores (ambas com 54%). Em toda a UE, 67% concordam com a medida.

57% MAIS IMPOSTOS Taxa de aprovação em Portugal de uma maior tributação dos ricos para proteger os pobres. É das mais baixas em toda a UE.

dãos têm também “muito mais probabilidades” de concordar com a medida.

Tal não acontece, porém, em Portugal. O Eurobarómetro indica que os portugueses lideram o ranking dos países que, à escala europeia, sentem que as atuais diferenças de rendimentos é “muito grande”, com a quase totalidade (94%) dos inquiridos a responder afirmativamente. No entanto, contrariamente ao que se verifica noutros países europeus onde a perceção de desigualdade social é

Percentagem de inquiridos em Portugal que concordam que as desigualdades em termos de rendimentos são “muito grandes”.

grande, Portugal é dos países que menos alinham na ideia de que a tributação dos mais ricos poderia resolver, em parte, essa desigualdade existente.

A Bulgária (93%) e a Hungria (90%) completam o top 3 de países onde as diferenças de rendimentos são mais percecionadas. Do lado oposto, encontram-se os países nórdicos: Dinamarca e Finlândia (ambos com 58%) e a Suécia (68%). Em média, 81% concordam que as diferenças de rendimentos na UE são grandes.

ECONOMIA

pt-pt

2023-02-07T08:00:00.0000000Z

2023-02-07T08:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281625309457400

Cofina