Cofina

TAP: poupar no farelo e gastar na farinha

A COR DO DINHEIRO CAMILO LOURENÇO Analista de economia camilolourenco@gmail.com

O país descobriu que é imoral a TAP entregar viaturas de serviço da marca BMW aos colaboradores.

A opinião pública ficou indignada, os trabalhadores (que não se importaram que o contribuinte lhes salvasse os postos de trabalho) também, o PR pediu bom senso, o primeiro-ministro disse não conhecer o assunto e até os analistas outrora simpáticos para com a nacionalização se atiraram ao ar…

É normal as empresas entregarem aos seus quadros viaturas de serviço? É. Numa economia em que falta mão de obra qualificada, os incentivos servem para recrutar e/ou segurar bons profissionais. E nem as tributações autónomas desencorajam esta prática.

E se as empresas perderem dinheiro? Depende. Se os quadros forem fundamentais para trazer a empresa de volta aos lucros, não há problema. Se for para premiar funcionários que não fazem a diferença (isto é, a empresa continua a perder dinheiro), não faz sentido. Ora a história da TAP não é nada tranquilizadora…

Em que ficamos? O país não acerta uma. A mesma opinião pública que se indigna com a frota de BMW devia ter reagido quando o Governo decidiu torrar 3,5 mil milhões na nacionalização. Em vez disso, os eleitores até deram uma maioria absoluta ao partido que usou dinheiro do contribuinte para salvar os credores da TAP.

Mas há outra questão. Se a TAP fosse privada estaríamos a ter esta discussão? Era matéria do foro interno da empresa saber se o dinheiro dos acionistas estava a ser bem gasto. No caso da TAP, só é assunto porque o contribuinte que não se indignou quando Costa lhe pôs a empresa às costas… acordou agora.

P.S.- A TAP cancelou a compra dos BMW. Péssimo sinal quando a liderança de uma empresa gere em função da direção do vento.

OPINIÃO

pt-pt

2022-10-07T07:00:00.0000000Z

2022-10-07T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281986086449368

Cofina