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Pandemia ainda puxa para baixo as receitas dos casinos

Com o regresso do país à normalidade, as receitas dos casinos dispararam, mas novos hábitos e perda de poder de compra atiram para as calendas o retorno à performance pré-pandemia.

RUI NEVES ruineves@negocios.pt

Os 11 casinos físicos portugueses ainda não recuperaram totalmente da pandemia, nem é previsível que isso aconteça nos tempos mais próximos. Fecharam os primeiros nove meses com um volume agregado de receitas de 184,8 milhões de euros, mais cerca de 120% face aos 84,3 milhões registados no mesmo período do ano passado, mas que fica mais de um quinto aquém do valor homólogo conseguido em 2019.

“No primeiro trimestre deste ano estávamos 28,05% abaixo de 2019, tendo reduzido para um valor inferior em 23,53% no final do primeiro semestre e agora para menos 21,57% em termos de média nacional”, detalhou fonte oficial da Associação Portuguesa de Casinos (APC), em declarações ao Negócios.

“É ainda de sublinhar que, nos maiores casinos – Estoril, Lisboa, Póvoa e Espinho –, a retração de receitas se situa entre 23% e 25%, no final do terceiro trimestre deste ano face ao período homólogo de 2019, pelo que a referida média se deve à melhor recuperação dos casinos de menores dimensões”, enfatizou o mesmo responsável associativo.

Ora, os dois anos de pandemia, assim como os encerramentos compulsivos e limites ao normal funcionamento das salas de jogo, “vieram alterar fortemente os hábitos dos clientes, que deixaram em grande parte de frequentar os casinos físicos para se centrarem em outras formas de jogo, nomeadamente o jogo online e os jogos da Santa Casa”, sinalizou.

“Não é seguramente em 2023 que iremos recuperar”

As receitas dos casinos cresceram 120% nos primeiros nove meses de 2022 face há um ano e baixaram 22% em relação ao mesmo período de 2019.

Novos hábitos que “estão a revelar-se de muito difícil reversão”. Por outro lado, acrescentou, “os recentes aumentos de preços de bens essenciais e o disparar da inflação criam um clima de incerteza e, mesmo, de dificuldades económicas, que afeta fortemente a disponibilidade financeira de todos, incluindo os clientes que ainda frequentam casinos”.

Assim, e a “despeito” de anteriores previsões menos pessimistas, “é expectável que o ano de 2022 encerre com uma quebra em torno dos 19% a 20% face a 2019”, admite, desde já, a associação do setor. “E não é seguramente em 2023 que iremos recuperar, sequer nominalmente, o nível de receitas gerado em 2019. É uma preocupação que se mostrará necessariamente mais demorada e difícil”, concluiu o mesmo dirigente da APC.

Troia, o “cisne branco” num setor em crise

Nos primeiros nove meses deste ano, os dois maiores casinos de Portugal, o de Lisboa e o do Estoril, geraram receitas de 47,6 milhões e 34,5 milhões de euros, respetivamente, o que traduz ganhos da ordem dos 160% face há um ano, mas perdas de 25% em relação ao mesmo período de 2019.

No grupo Solverde, que detém cinco casinos, o de Espinho faturou 27,8 milhões de euros entre janeiro e setembro, mais 84% do que há um ano e menos 23,2% do que há três, enquanto o de Chaves duplicou as receitas para 5,2 milhões em termos homólogos e apenas 11,5% menos do que no ano pré-pandémico.

Também pertencentes ao grupo da família Violas, os três casinos algarvios ( Vilamoura, Praia da Rocha e Monte Gordo) fecharam os primeiros nove meses de 2022 com um volume de receitas agregada de aproximadamente 23,2 milhões de euros, o que significa um aumento homólogo da ordem dos 120% mas um valor inferior em 14,5% ao registado no mesmo período de 2019 – neste comparativo, das três salas algarvias, o de Vilamoura é, de longe, o que regista melhor performance, estando apenas a perder 6,5%.

O casino da Figueira, da Amorim Turismo, registou ganhos de 77% face há um ano e perdas de 25% em relação há três, para 9,2 milhões de euros, enquanto no da Madeira, do grupo Pestana, as receitas cresceram 55,4% para quase 5,5 milhões de euros (menos 25,4% face ao período homólogo de 2019).

E agora, branco no preto: no casino de Troia, da Oxy Capital, as receitas aumentaram 80% em relação há um ano e 77,7% face há três, para 5,8 milhões de euros.

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2022-10-07T07:00:00.0000000Z

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