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7,8%

SP

INFLAÇÃO Os preços devem subir em média 7,8% este ano. Pico deve chegar aos 9,5%.

Ainda assim, o BDP vê o copo meio cheio. Para o banco central, esta pode ser uma oportunidade para “levar as empresas a desenvolver estratégias de redução do endividamento”, como usar depósitos para amortizar, total ou parcialmente, os empréstimos bancários.

E o banco central diz que as empresas criaram almofadas suficientes para, pelo menos, atenuar o impacto desta subida. Se as empresas utilizarem a totalidade do aumento de depósitos verificado desde 2019 para amortizar os empréstimos não terão de assumir este acréscimo de juros e as que amortizam parcialmente “pagam o juro proporcional ao montante ainda em dívida”.

Ora, em termos agregados e entre dezembro de 2019 e março de 2022, mais de metade (53%) das empresas com créditos bancários aumentaram os seus depósitos e 16,7% conseguiram amortizá-los totalmente com esses depósitos .

No entanto, a amortização corresponde apenas a 11% do montante total em dívida. Por isso, e considerando que as amortizações se realizam no primeiro mês do início do exercício, o banco central conclui que o aumento da despesa com juros seria inferior: 891 milhões de euros (o que corresponde a 4% do EBITDA de 2019).

Mas nem todas as empresas vão conseguir fazê-lo. Aliás, haverá aumentos que podem vir a não ser absorvidos pelas margens das empresas. E nesse caso, haverá “uma redução da procura de crédito, a uma alteração da gestão da liquidez das empresas e a um adiamento de projetos de investimento”, avisa o BDP.

Apesar da subida acentuada dos preços este ano e das taxas de juro, o consumo das famílias vai manter-se elevado e, com os apoios do Governo e o recurso às poupanças, deve segurar a atividade económica no final do ano, evitando uma recessão.

Essa é uma das conclusões do Boletim Económico que o Banco de Portugal (BDP) divulgou esta quinta-feira. O banco central estima que a economia portuguesa cresça 6,7% este ano, acima da previsão que tinha apresentado em junho.

No entanto, isso não quer dizer que o BDP está otimista para o final do ano. Antes pelo contrário. A entidade liderada por Mário Centeno justifica o andamento do PIB com um primeiro semestre ainda melhor do que o esperado (o INE reviu em alta recentemente esses dados). Depois, o cenário é de “relativa estabilização do PIB” até ao final do ano: o banco central antecipa que a economia tenha quase estagnado no terceiro trimestre face ao anterior e que depois acelere, só ligeiramente, nos últimos três meses do ano (com variações em cadeia de 0,1% e 0,4%, respetivamente).

Se por um lado o enquadramento externo e financeiro tem vindo a piorar pelos aumentos da inflação e das taxas de juro, com efeitos adversos sobre o rendimento disponível real, por outro o “bom desempenho” do mercado de trabalho está a atenuar esses efeitos negativos.

Poupanças e apoios ‘seguram’ consumo

derada por Mário Centeno destaca a “resiliência” do consumo privado. Isso está a acontecer não só pela “canalização para a despesa de parte da poupança acumulada pelas famílias durante a crise pandémica, bem como das medidas de apoio”.

Aliás, o banco central destaca mesmo que, depois de terem justificado a melhoria acentuada da atividade económica na primeira parte do ano, as famílias estão a revelar uma “maior resistência” aos choques. O BDP estima que o consumo cresça 5,5% este ano (mais 0,3 pontos do que o previsto antes).

Já as exportações de bens e serviços mantêm um dinamismo elevado (17,9%), impulsionada pelas exportações de serviços, em particular o turismo.

A travar o crescimento económico na segunda metade está sobretudo o investimento: o BDP espera que avance 0,8%, muito abaixo dos 5% esperados anteriormente.

Inflação perto de 8%

O BDP piorou também a estimativa para a inflação, estimando que os preços cresçam 7,8% este ano, uma subida que anula os aumentos nominais de rendimentos em 2022.

Segundo o BDP, o “rendimento disponível real estagna em 2022”, avançando apenas 0,2%, após 2,2% em 2021, condicionado pelo “perfil marcado da inflação”. É que, em termos nominais, o banco central vê o rendimento das famílias acelerar de 3,6% para 6,5% “refletindo o comportamento das remunerações do trabalho”, num contexto de crescimento do emprego e dos salários por trabalhador.

Mas também via transferências. Segundo o BDP, “as medidas anunciadas em setembro pelo Governo português deverão ter um contributo de 1,4 pontos percentuais para a variação do rendimento disponível em 2022”.

ECONOMIA

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2022-10-07T07:00:00.0000000Z

2022-10-07T07:00:00.0000000Z

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