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Bruxelas vê salários reais caírem 0,3% este ano

SUSANA PAULA

A Comissão Europeia estima que os salários reais recuem 0,3% este ano, à boleia da inflação, uma redução que, pelas contas de Bruxelas, é das mais baixas da União Europeia.

Nas Previsões de Primavera divulgadas esta segunda-feira, a Comissão Europeia reviu em alta a estimativa da inflação, medida pelo IHPC, antecipando agora que os preços subam 4,4% este ano. Já a estimativa para a inflação subjacente (que exclui os preços da energia e dos bens alimentares) é de 3,7% este ano, “crescendo a um ritmo mais baixo do que o dos salários”. É que a Comissão está a estimar uma subida dos salários de 4,2% este ano.

No entanto, em termos reais, e voltando a olhar para o conjunto dos preços, estes níveis de inflação implicam uma perda real de salário. Pelas contas de Bruxelas, os salários reais devem recuar 0,3% este ano, depois de terem crescido 2,6% no ano passado.

A queda real de salários é menor em Portugal do que na média da União Europeia, onde a redução esperada é de 2,2%. “O poder de compra deve diminuir este ano em termos reais, uma vez que não se estima que os salários acompanhem a inflação”, afir

Há uma perda de poder de compra que devemos tentar acomodar, sobretudo nas famílias mais vulneráveis.

PAOLO GENTILONI Comissário Europeu da Economia

mou o comissário Gentiloni.

No entanto, o responsável europeu com a pasta da Economia opôs-se a um maior nível de indexação entre salários e inflação, mas sublinhou que “isso não quer dizer que devamos ignorar que, mesmo numa situação extraordinária, a perda de poder de compra não é um problema”.

Para Paolo Gentiloni, “devemos ter em mente que há uma perda de poder de compra e que devemos tentar acomodar, especialmente para os trabalhadores e famílias mais vulneráveis”.

FMI vê inflação nos 6% e defende apoios diretos

Também o Fundo Monetário Internacional (FMI) apresentou novas estimativas para Portugal. Depois de uma missão ao país, no âmbito da avaliação anual prevista no Artigo IV, o FMI fez saber que prevê que a economia cresça 4,4% este ano e que a inflação atinja os 6%.

Nesse sentido, Rupa Duttagupta, chefe da missão do FMI a Portugal, defendeu em conferência de imprensa, que o Governo deve “preferencialmente substituir” medidas com efeito alargado, como a redução do ISP, por outras mais direcionadas para os cidadãos vulneráveis e as empresas viáveis.

Além disso, considerou que o corte transversal de ISP impede que sejam enviados os “sinais necessários” do nível de preços para uma redução do consumo e uma maior eficiência energética. E pode ser contrário ao objetivo de descarbonização.

Duttagupta recomendou ainda o recurso a transferências monetárias diretas para “as partes da população que são mais afetadas” pelo aumento dos preços da energia.

ECONOMIA

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281616718970427

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