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PIB não resiste à guerra e recua este trimestre

SUSANA PAULA susanapaula@negocios.pt

Depois do forte crescimento no início do ano, a Comissão Europeia estima que a economia portuguesa não resista aos efeitos da guerra neste trimestre e recue 1,5% em cadeia. Ainda assim, no conjunto do ano, Bruxelas estima que o PIB suba 5,8%, o maior avanço da UE.

Aeconomia portuguesa escapou aos efeitos da guerra na Ucrânia nos primeiros três meses deste ano, mas pelas contas da Comissão Europeia isso não deve acontecer neste trimestre.

Segundo as Previsões de Primavera divulgadas esta segunda-feira, Bruxelas prevê que o PIB português recue 1,5% entre abril e junho, uma contração em cadeia que é a mais acentuada da União Europeia (como a da Eslovénia).

No entanto, apesar dos impactos da guerra na Ucrânia, e que passam pela subida dos preços das matérias-primas e pelos constrangimentos nas cadeias de abastecimento, a Comissão afirma que a “previsão de crescimento continua a ser favorável” para Portugal.

Aliás, Bruxelas melhorou a sua estimativa de crescimento, esperando agora que Portugal avance 5,8% este ano, mais 0,3 pontos percentuais do que previa antes.

A revisão em alta acontece em contraciclo com a UE, já que Portugal parece ser menos vulnerável aos efeitos do conflito. Nesse sentido, a Comissão prevê que o PIB europeu cresça 2,7% , 1,3 pontos percentuais abaixo do projetado em fevereiro, “uma das revisões em baixa mais acentuadas dos anos recentes”, afirmou o comissário europeu da Economia, Paolo Gentiloni.

“Estou consciente de que a projeção pode parecer positiva relativamente à dimensão do choque gerado pela guerra. No entanto, este número, cerca de 2 pontos percentuais, deve-se sobretudo à recuperação do ano passado. Líquido do efeito de carry-over, o crescimento intra-anual foi cortado de 2,1% para 0,8%”, frisou Gentiloni.

Por outro lado, a estimativa de Bruxelas para o crescimento da economia portuguesa é a mais alta da UE. Segundo a Comissão, um dos elementos a explicar a revisão em alta decorre do “forte início do ano”. Recorde-se que no primeiro trimestre o PIB português cresceu 2,6% em cadeia, o maior avanço da UE, quando outras economias europeias recuaram ou travaram a fundo (é o caso de Itália e França, respetivamente).

Bruxelas lembra também que Portugal não cresceu “de forma tão forte em 2021 em comparação com outros países”, o comissário

europeu destacou também o papel do regresso em força dos turistas estrangeiros, depois de dois anos de pandemia da covid-19. “Penso que a reabertura do turismo para um país maioritariamente baseado em turismo externo do que interno também tem um papel importante” na projeção, disse.

Além da recuperação dos serviços (e do turismo), Bruxelas prevê que a procura interna “contribua substancialmente” para o crescimento, com o investimento a crescer mais rápido do que o consumo privado, à boleia do Plano de Recuperação e Resiliência.

Cortar gás russo pode levar PIB a terreno negativo

No entanto, a Comissão avisa que há riscos negativos e que, no caso português, perante a baixa exposição direta ao conflito, são sobretudo indiretos, nos preços das matérias-primas e na incerteza da procura global.

Já para o conjunto da UE os riscos vão mais longe. A Comissão decidiu testar um cenário adverso (em que os preços da energia sobem 25%) e outro severo (com um corte praticamente total do acesso ao gás russo). Nestes dois casos, diz Gentiloni, “o crescimento intra-anual estaria em território negativo”. No cenário severo, “as taxas de crescimento do PIB seriam inferiores em 2,5 pontos percentuais e a inflação subiria 3 pontos”, afirmou Paolo Gentiloni. Nesse caso, a economia avançaria apenas 0,2% e os preços subiriam 9,8% (em vez dos 6,8% esperados agora).

ECONOMIA

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281603834068539

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