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Alemanha aposta todas as fichas no gás liquefeito

Daqui a 10 meses, o governo alemão quer ter pronto um novo terminal de gás natural, com ligação à rede do país, e mais quatro estruturas flutuantes a operar na primavera do próximo ano.

BÁRBARA SILVA* barbarasilva@negocios.pt *COM VÍTOR RODRIGUES OLIVEIRA

Se pudesse prever o futuro, em 2011 o governo da então chanceler alemã Angela Merkel teria feito outra aposta: em vez de suspender a construção de três novos terminais de gás natural liquefeito (GNL) para apostar todas as fichas na construção de um novo gasoduto Nordstream 2, faria precisamente o contrário. Com 1.222 km de comprimento, o polémico gasoduto submarino que liga Vyborg, na Rússia à Alemanha começou a ser construído em 2018 e foi terminado em 2021, com um custo total estimado de 11 mil milhões de dólares. A russa Gazprom pagou metade e o restante foi assegurado pela Shell, OMV, Engie, Uniper e Wintershall DEA.

Gémeo do Nordstream 1, o segundo gasoduto tinha como missão aumentar exponencialmente a quantidade de gás russo que chegava à Alemanha. Com o estalar da guerra, Berlim recusou dar luz verde à entrada em funcionamento do gasoduto, cujo futuro é incerto.

Sem o gás russo, toda a Europa, mas sobretudo o maior consumidor dos 27 – a Alemanha –, está agora a tentar diversificar fornecedores e perceber que opções estão ao alcance para fugir ao gás russo. Uma das opções é precisamente o GNL, com a desvantagem do gigante económico não dispor de infraestruturas para receber o gás por via marítima, na sua forma líquida, para que depois possa ser regaseificado e injetado na rede nacional ou usado na indústria.

“Há países que não têm terminais de GNL e por isso urge equiparem-se com esta tecnologia, porque senão a situação vai complicar-se com o embargo da UE ao gás russo. A Alemanha é um exemplo: suspendeu a construção de três terminais de GNL para reforçar a vinda do gás pelo Nordstream 2. Agora têm de correr para construir novos terminais de gás natural liquefeito”, disse ao Negócios Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa em Portugal.

E é isso mesmo que Berlim está a fazer, tendo já anunciado uma nova lei que permitirá construir um novo terminal de GNL em apenas 10 meses, com ligação direta à rede de distribuição do país, avançou a Bloomberg.

Para isso, Berlim irá cortar para apenas um décimo do tempo que demora o processo que normalmente envolve a aprovação e construção destas infraestruturas.

Além do terminal de GNL, a Alemanha conta com quatro terminais flutuantes, que poderão estar instalados na próxima primavera, o que permitirá substituir pelo menos 70% das importações russas de gás, depois de anos a resistir à mudança para o GNL americano, por ser mais caro. ■

A Alemanha suspendeu a construção de três terminais de GNL para reforçar a vinda do gás pelo Nordstream 2.

Após a invasão da Ucrânia, toda a Europa acordou para a necessidade de diversificar as fontes de abastecimento.

PRIMERA LINHA NOVO ABASTECIMENTO DE ENERGIA

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281595244133947

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