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É Portugal uma ilha?

DIANA RAMOS Diretora dianaramos@negocios.pt

Aperiferia tem sido um escudo protetor de Portugal, retirando-o do olho do furacão quando as condições apertam. A reduzida exposição da economia portuguesa à Rússia e à Ucrânia tem servido de amortecedor aos efeitos de choque gerados pela guerra, mas será de facto o país uma ilha isolada da turbulência na Europa?

Os números apresentados pela Comissão Europeia mostram Portugal como um país contra a corrente, a crescer em contraciclo com as restantes economias e a superar as estimativas do próprio Executivo no que ao PIB diz respeito. No meio da turbulência, é obra. Muito deste fenómeno é explicado pelo peso do turismo na economia nacional. Basta um passeio pela Baixa de Lisboa para se perceber como a retoma do setor já praticamente igualou os valores próximos de 2019. Não porque o país tenha feito mais para atrair pessoas, mas porque a sede de viajar era grande após dois anos de confinamentos e restrições. E o facto de Portugal continuar a ser considerado um destino barato para as condições que oferece ajuda quando o apetite de correr mundo é grande.

Ainda assim, será que os números nos dão o retrato mais fiel da economia portuguesa? É este crescimento sinónimo de que todos os setores de atividade estão bem? É o problema das fotografias de grupo: uma análise mais detalhada ajudar-nos-ia a perceber que a imagem traria sorrisos amarelados e alguns rostos de preocupação. Ou seja, que há áreas de negócio que estão pressionadas com os custos das matérias-primas, da eletricidade, dos combustíveis ou com a falta de mão de obra. E o travão a fundo na Zona Euro, que a Comissão Europeia também antecipa, não trará nem sorrisos mais abertos, nem menores dores de cabeça.

A periferia tem amortecido os efeitos de uma crise maior que se desenha na Europa e que tem no BCE um dos protagonistas do futuro próximo. Contudo, Portugal está longe de ser uma ilha isolada da realidade e dos efeitos de contágio. Para já, deve aproveitar a boleia que o bom desempenho do PIB dará às contas públicas e esperar, por exemplo, que a economia alemã não entre em recessão. É continuar a respirar fundo e manter a calma.

O travão a fundo na Zona Euro não trará sorrisos abertos ou menores dores de cabeça.

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

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