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Roleta russa à moda da esquerda

A COR DO DINHEIRO CAMILO LOURENÇO Analista de economia camilolourenco@gmail.com

O Bloco foi o primeiro a pôr-se de fora. Depois veio o PCP. De repente, os eleitores ficaram a perceber que a probabilidade de irem às urnas antes de 2023 ficou mais próxima.

O PCP sente que está a definhar por ser a muleta do Governo e receia que o Bloco possa capitalizar o descontentamento dos seus eleitores. Um e outro dizem que o Governo não foi suficientemente longe nas cedências. No centro da sala está um Presidente que não está nada preocupado com as cedências (reversão da lei laboral e brutal aumento da despesa) do Governo para evitar eleições.

Quer isto dizer que as eleições são inevitáveis? Not so fast. Com a nega do PCP, o Bloco deixou de estar confortável. O Bloco sabe que se o país for para eleições, o mais provável é ver fugir parte do seu eleitorado. Tal como o PCP. Na verdade, estão os dois a jogar à roleta russa, temendo que lhes saia a bala na câmara quando for a sua vez de disparar.

Costa percebeu isso e mandou a ministra do Trabalho dizer que o Governo está disposto a suspender a caducidade das convenções coletivas de trabalho para além de 2024 (proposta que PCP e Bloco haviam recusado). Com tanta cedência, o risco para PCP e Bloco aumentou. É que se o país for para eleições depois de o Governo ter cedido tanto, os dois partidos serão cilindrados na campanha eleitoral… com acusações de terem sido os responsáveis pela crise política.

A um e outro dava jeito que o outro piscasse primeiro os olhos neste jogo mortal. O problema é que quem piscar primeiro vai aparecer como perdedor.

É a primeira vez em seis anos que vemos Catarina e Jerónimo (mas também Costa) com a boca seca. Têm o que merecem. Afinal dormem juntos há seis anos.

OPINIÃO

pt-pt

2021-10-26T07:00:00.0000000Z

2021-10-26T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281891596483012

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