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Processos mais digitais são caminho a seguir

Dinamismo e vitalidade caracterizam um setor que passou por momentos conturbados durante a pandemia, mas que, em alguns casos, foi o ponto de partida para se reinventar e abraçar novos desafios.

É um mercado “muito dinâmico e a mostrar muita vitalidade”. É desta forma que Afonso Jubert Almeida, vice-presidente da APLOG – Associação Portuguesa de Logística, olha para o setor em Portugal. Este responsável explica que existe, atualmente, “um esforço crescente de todos os setores envolvidos, como os portos, a ferrovia, os retalhistas, os operadores logísticos e as empresas no geral, de modo a conseguirem otimizar toda a sua cadeia logística e contribuir para processos mais lean, mais digitais e, no final, mais eficientes para todos”. Mas a realidade é que “as deficiências existentes no que diz respeito às infraestruturas de transporte, em particular na ferrovia, são desafios importantes para um setor que será fundamental para o crescimento dos setores produtivos, com especial atenção na vertente das exportações”, recorda Afonso Jubert Almeida.

Na realidade, existem diversos aspetos de natureza global da gestão da cadeia logística e que terão consequências a nível nacional que importa ultrapassar. Entre estes, destaque para a evolução dos custos energéticos no mercado global, “tais como o custo da energia elétrica, gás e gasóleo”. Afonso Jubert Almeida sublinha que, “caso se mantenham os níveis atuais, teremos desafios muito exigentes pela frente e com aumentos de custos fortes em toda a cadeia logística e em muitos produtos e serviços”. As questões de sustentabilidade e os danos cometidos contra o ambiente “vão com certeza marcar o futuro destas questões energéticas”.

Uma segunda questão a ter em conta são as tensões geoestratégicas crescentes entre os três grandes blocos económicos, Europa, China e Estados Unidos, “que estão a aumentar os protecionismos, e a fazer crescer as barreiras fiscais e técnicas do comércio internacional”. Também o Brexit deverá ser um cenário em análise, já que vem mudar “o relacionamento entre o Reino Unido e a União Europeia, provocando grandes dificuldades para todos os atores envolvidos na cadeia logística entre estes territórios”.

O impacto da pandemia no setor

Afonso Jubert Almeida fala ainda nas “terríveis consequências que a covid deixou no geral e os resultados em muitos setores”. Dependendo da evolução da pandemia, “é uma questão desafiante conseguir recuperar a normal atividade e tentar que as diferentes cadeias voltem a ter volume e as condições para funcionar de forma eficiente. Embora seja ainda um pouco difícil ter números globais, “pois existiram setores que foram brutalmente atingidos, mas outros tiveram excelentes performances”, este responsável não deixa de recordar que “o setor da aviação foi talvez o mais afetado, com uma paragem quase total e com perdas muito graves”. Outros setores como o dos transportes públicos “tiveram também paragens e uma redução de atividade muito significativa devido aos confinamentos”.

Por outro lado, as empresas de serviços expresso seguiram em sentido contrário “e tiveram um boom de crescimento que, em muitos casos, ultrapassou muito mais de 100% na sua atividade, devido à pandemia e às pessoas estarem em casa e adquirirem produtos online”. Também o retalho, nomeadamente no que diz respeito aos produtos alimentares, “teve uma atividade muito intensa”. Alguns setores tiveram em contrapartida grandes quebras e “uma das áreas que foram mais afetadas foi o canal horeca e a hotelaria, com o encerramento por longos períodos das suas unidades”.

Para ultrapassar as questões trazidas pela pandemia, “muitas empresas conseguiram reinventar-se de forma a responder aos desafios”. Verificou-se assim um forte investimento “em soluções e plataformas digitais” o que permitiu às empresas começar “a vender aos seus clientes de forma online, adaptando as suas equipas para poderem trabalhar em muitos casos desde casa, obrigando a rever processos para responder aos novos desafios”.

No caso das empresas de transporte/logística existiu também uma grande aceleração em projetos de inovação, “de forma a poder dar resposta ao mercado e aos clientes”, refere ainda Afonso Jubert Almeida. E a verdade é que estas alterações vieram em muitos casos “mostrar que era possível trabalhar de forma diferente e nalgumas situações de forma mais eficiente com otimizações importantes”.

Neste início de retoma pós-confinamento, Afonso Jubert Almeida explica que “a recuperação já existe e está em boa marcha, mas depende de muitas variáveis, tais como, por exemplo, a recuperação do turismo”. O vice-presidente da APLOG acredita que “existem novos fatores que estão a prejudicar a recuperação, tais como o aumento dos custos da energia ou os altos custos do gasóleo/gasolina e gás”. A questão da falta de contentores “e o aumento brutal do custo destes da Ásia para os EUA ou Europa fará com que existam nalguns casos faltas de produtos ou em contrapartida um aumento dos preços dos mesmos”. Exemplos como a falta de chips para a indústria automóvel e eletrónica produzem grande impacto, “não deixando que essas atividades voltem rapidamente ao seu funcionamento normal”. Se a estabilidade da economia no mundo em geral continuar numa tendência positiva, se a retoma da confiança continuar e se não tivermos novas vagas de covid que impeçam de voltar ao normal, “as atividades relacionadas com o mundo da logística voltarão a níveis parecidos com os de antes da pandemia”.

No caso das empresas de transporte e logística existiu também uma grande aceleração em projetos de inovação.

TRANSPORTES E LOGÍSTICA

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2021-10-26T07:00:00.0000000Z

2021-10-26T07:00:00.0000000Z

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