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Novo Banco entra na rota dos lucros mas vai manter cortes de pessoal

Desde que foi criado, em 2014, e até junho deste ano, o quadro de trabalhadores do Novo Banco já foi reduzido para praticamente metade. Mas o “processo de redução continuada” é para manter, ainda que o banco esteja agora numa “rota positiva”.

RAFAELA BURD RELVAS rafaelarelvas@negocios.pt

ONovo Banco, a partir de agora novobanco (tudo junto e sem maiúsculas), está em “rota de lucros”, num trajeto iniciado no início deste ano e que, conforme sinaliza o seu presidente executivo, será para manter. Só que para manter também será a estratégia que trouxe a instituição até aqui: aumento da margem e corte de custos. E isso, admite António Ramalho, vai continuar a passar pela “redução continuada” da força de trabalho, até pela crescente digitalização do setor bancário.

As perspetivas foram partilhadas por António Ramalho esta segunda-feira, durante a apresentação da nova imagem da instituição que lidera. Com um investimento total a rondar os 80 milhões de euros ao longo dos próximos dois a três anos, a instituição conta remodelar toda a rede de balcões e imagem em todos os canais e materiais como cartões de pagamento, além de continuar a apostar na digitalização dos serviços.

Esta estratégia de renovação avança numa altura em que o Novo Banco inicia uma trajetória de resultados positivos, depois de sete anos consecutivos de prejuízos desde a sua criação, que chegaram a ultrapassar os mil milhões de euros de perdas em alguns exercícios. No arranque deste ano, a tendência inverteu-se: depois de reportar lucros de 70,7 milhões de euros no primeiro trimestre de 2021, o Novo Banco voltou a apresentar um resultado líquido positivo nos três meses seguintes, acabando por alcançar lucros de 137,7 milhões de euros no conjunto do primeiro semestre.

Agora, o banco que nasceu da resolução do Banco Espírito Santo (BES) prepara-se para apresentar os resultados relativos ao acumulado dos primeiros nove meses deste ano – as contas deverão ser comunicadas até ao final desta semana – e, sem revelar números, António Ramalho sinaliza que o terceiro trimestre voltará a ser de lucros para a instituição.

“O banco é criador de capital e é, sobretudo, um banco que está em rota positiva. Os resultados do primeiro semestre são conclusivos sobre a rota de lucro em que o banco está”, afirmou o presidente do Novo Banco. E reforçou: “Esses resultados estão construídos com base num crescimento genérico da margem financeira entre 4% e 5% e numa redução de custos também entre 4% e 5%. E, quando os resultados são construídos dessa forma saudável, não têm tendência a mudar até ao final do ano. A origem dos resultados é extraordinariamente positiva e consistente.”

No entanto, mesmo perante este cenário – e depois de o Novo Banco ter perdido praticamente metade dos recursos humanos desde que foi criado –, a redução do quadro de trabalhadores é para continuar, admite o banqueiro.

“O que queremos é ter as pessoas certas para o modelo certo, dentro do quadro de evolução digital que existe. Ainda assim, o Novo Banco já leva uma longa experiência de diálogo com a sua comissão de trabalhadores e com os sindicatos, no sentido de encontrar sempre as soluções mais adequadas para que essa evolução continuada se consiga fazer no máximo da serenidade possível”, começa por dizer António Ramalho. Mas, reconhece, “a força digital é evidente” e foi até acentuada pela pandemia.

Assim, e ainda que o investimento a ser agora feito pelo Novo Banco demonstre que esta administração “acredita em investimento físico e não acredita em banca apenas digital”, a saída de trabalhadores vai continuar. “Estamos num processo de redução continuada, mas com serenidade total”, resume António Ramalho.

A 30 de junho de 2021, o Novo Banco contava com 4.470 trabalhadores. A 4 de agosto de 2014, quando foi criado, na sequência da resolução do BES, o quadro do Novo Banco era quase duas vezes maior, ascendendo a 8.689 trabalhadores.

Banco à venda? Decisão é dos acionistas

“Quando os resultados são construídos de forma saudável, não têm tendência a mudar. ANTÓNIO RAMALHO Presidente do Novo Banco

Questionado ainda sobre se esta renovação da imagem é uma forma de preparar o banco para ser vendido nos próximos tempos, António Ramalho remete explicações para os acionistas da instituição, mas sublinha que o investimento de 80 milhões é representativo da importância que o banco dá ao mercado nacional.

“Os acionistas do Novo Banco são o Fundo de Resolução e a Lone Star. Quaisquer perguntas aos acionistas terão de ser feitas aos acionistas”, apontou.

Mas ressalva: “Há aqui um enorme compromisso com o mercado português, com um mercado próximo, profissional e de parcerias. Este investimento, que se realiza para construir uma marca, um novo modelo de distribuição e um novo ciclo, surge porque acreditamos profundamente que o banco tem algo a dar à sociedade portuguesa.”

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2021-10-26T07:00:00.0000000Z

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