BLOG
Francisco José Viegas ESCRITOR
Quando, depois da independência, Samora Machel visitou pela primeira vez a Ilha de Moçambique, quis ir ao museu local – um belo edifício diante do mar e do antigo molhe – onde deparou com as salas e as paredes vazias. Quis saber o motivo; disseram-lhe que tinham retirado quase tudo porque eram coisas do passado e do colonialismo. Furioso, Machel explicou que um museu era um repositório do passado (entre outras coisas) e exigiu que recuperassem o que ainda se podia reaver. Ultimamente lembro-me dessa história quase todos os dias. A Royal Opera House, de Londres, decidiu submeter o seu repertório a uma cuidadosa análise para verificar até que ponto ele é “inclusivo”, ao mesmo tempo que garante a diversidade, respeita as
PCP E BE TÊM MEDO DE PERDER VOTANTES, JULGANDO RECUPERAR A AURA RADICAL
AGORA LUCIANO AMARAL ONTEM, NO CM
“sensibilidades culturais” e satisfaz as exigências dos novos públicos. A historiadora e feminista Camille Paglia contava a história de um aluno indignado que interrompeu a aula daquele curso onde estudavam apenas “autores brancos, velhos, heterossexuais e europeus”. Na altura, deu algum trabalho explicar que se tratava de uma aula de estudos clássicos gregos e latinos.
TELEVISÃO & MEDIA
pt-pt
2021-10-26T07:00:00.0000000Z
2021-10-26T07:00:00.0000000Z
http://quiosque.medialivre.pt/article/283235921247539
Cofina