Proença diz que fortuna são apenas poupanças
APÓLICE → Advogado fez aplicação de mais de 11 milhões de euros no Luxemburgo, em 2016
ANA LEAL
Daniel Proença de Carvalho, advogado investigado por fraude fiscal e branqueamento de capitais, revela agora uma nova versão sobre a aplicação que fez no Luxemburgo em 2016, no valor de 11 milhões e 300 mil euros.
Quando foi confrontado pelo CM com a notícia de que estaria a ser investigado por fraude fiscal, limitou-se a dizer que se tratava de uma apólice de seguro que constituiu a favor dos filhos, que não sabiam de nada, e que não tinha cometido qualquer ilícito.
Já na quarta-feira, em declarações à SIC na sequência da notícia avançada pelo Correio da Manhã, acrescenta que na sua declaração de IRS está refletida essa mesma operação: “Tratando-se de poupanças de muitos anos da minha vida profissional e investimentos que realizei, muito antes da constituição dessa apólice.” Proença acrescenta também, comparando com a versão enviada ao CM, tratar-se de uma apólice de seguro em que, por sua morte, os seus quatro filhos serão os beneficiários.
O CM confrontou o advogado com estes novos factos acrescentados perante a mesma notícia, mas não se obteve qualquer resposta. Por responder ficaram perguntas que consideradas cruciais, como em que ano é que se reporta a declaração que diz ter entregue e se as declarações anteriores a 2016, data em que foi feito o seguro, evidenciavam valores compatíveis com os 11 milhões aplicados no Luxemburgo.
É que para os investigadores não é clara a origem dos fundos, ao mesmo tempo que nos anos próximos em que foi feito o seguro, Proença não terá declarado em Portugal quantias compatíveis com os 11 milhões que estão agora a ser investigados e, por isso, há suspeitas de ter cometido o crime de fraude fiscal qualificada.
As autoridades que investigam o advogado, neste caso autoridades do Luxemburgo, portuguesas e suíças, suspeitam mesmo que poderão estar a ser ocultados rendimentos obtidos em diversas regiões do nosso país.
Na mira dos investigadores estão várias empresas sediadas em Ferreira do Alentejo, Beja e Lisboa, cujas contas estão a ser passadas a pente fino. Entre elas está uma empresa cuja administradora é a mulher de Proença, Maria Natália da Silva Proença de Carvalho, assim como empresas ligadas a capital angolano.
Pelo que o CM conseguiu apurar da análise já feita a algumas dessas empresas, há suspeitas de que parte dos rendimentos de Proença de Carvalho não terá sido declarada ao Fisco.n
PORTUGAL
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2021-07-30T07:00:00.0000000Z
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