Tudo em coma, na casa do Big Brother. Aliás, já começou a entrar em coma no BB2020. O Big Brother é emoção, energia, paixão, raiva, choro, alegria, vaidade, falsidade, fúria, e tudo o mais que seja humano. Quando quiseram concorrentes que não arrancassem ortigas sem pedir licença às plantinhas; que tivessem cuidado com as formigas, que não as pisassem porque também são seres vivos; que agradecessem ao Sol porque ele é a origem de tudo, pronto, mataram o Big Brother. Gostamos do BB e paramos tudo para assistir, porque o BB é Vida! Hoje em dia, os concorrentes entram com força. Mas apenas no primeiro dia. Depois começam a perder a alma, tentam só fazer o que é politicamente correto, e mesmo quando se esquecem do guião de “bonzinhos”, rapidamente o BB ou os apresentadores os alertam, e então voltam a enfiar-se num colete-de-forças de bonzinhos. Esmorecem novamente e entram em coma. Alguns nem se mexem. Outros, pela força da escolha das câmaras, lá fazem alguma coisa.

Por vezes sinto que estou a assistir a um (mau) teatro português na RTP2, e apetece-me procurar uma novela mexicana em algum dos muitos canais que tenho na televisão lá de casa. Já sei que a Morina pensa que defende a sonoridade. Já sei que o Bruno pensa que os homens que fazem sexo com homens ainda estão oprimidos (já aprendi a dizer na forma correta; já não digo “homossexuais”, repararam?). A Ana Barbosa lá mostra um pouco de si; mas é só ela, os outros estão todos em coma, até porque, se agirem como gente, levam com o chicote da moralidade. Não admira que o Quem Quer Namorar com o Agricultor?, que até é editado antes de ser transmitido, consiga mostrar mais Vida e vencer nas audiências. Evidentemente, e não é preciso nenhum doutoramento em Televisão para perceber isso. Afinal, com Amor e Paz, o que é que o Universo traz?