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Um nulo muito rico

Rui Malheiro

Foi um clássico escrito por linhas eletrizantes e ritmo alto, com as equipas a privilegiarem a elasticidade tática, a vertigem, e a belicosidade na pressão para surpreenderem o rival. Começaram por ser mais contundentes os guerreiros, que, a partir de um 4x2x3x1, com Iuri, Ricardo Horta e Bruma no apoio a Ruiz, se desdobravam ofensivamente em 3x1x6 [1], deixando os corredores laterais a Gómez e a Sequeira [1],ea construção a Musrati e a André Horta em linhas díspares [1]. Através da pressão alta que preconizaram, obrigaram o FC Porto a uma construção longa pouco criteriosa. Nas ações com bola, foram mais sagazes a fazê-la circular, com Musrati a ter papel crucial na verticalização, e a introduzir imprevisibilidade por Ricardo Horta, difícil de controlar nas entrelinhas [3], o que permitiu mais chegadas com perigo a zonas de finalização.

Desagradado, Sérgio Conceição fez duas mexidas antes do intervalo, recorrendo a Eustáquio e a Galeno e tirando Rodrigo e Grujic, e trocou Zaidu por Wendell para a 2.ª parte. Até aí, a partir de uma estrutura em 4x4x2, o FC Porto instigara a mobilidade à frente, promovendo desdobramentos entre o 3x1x6 e o 3x2x5 [2] Com Otávio, desde a direita, mas várias vezes como 3.º médio, e Pepê, desde a esquerda, a surgir, com frequência, como 3.º avançado, o que deixava o jogo exterior entregue a Rodrigo e Wendell [2] que não desequilibraram. Após breve passagem pelo 4x2x3x1, o recurso a Galeno ofereceu uma nova fonte de desequilíbrios, permitindo saltar entre o 4x4x2 clássico, o 4x3x3 e, principalmente, o 4x4x2 em losango, com Taremi, como falsa referência ofensiva, nas costas de Musrati e de André Horta, para Evanilson e Galeno assaltarem a profundidade. Metamorfoseado em lateral-direito, Pepê deu outros recursos ofensivos, o que levou Artur Jorge a trocar Bruma por Djaló, para lhe colocar mais problema defender.

Depois, sem bola, e muito graças à agressividade e disponibilidade de Eustáquio, os dragões robusteceram os índices de pressão e na reação à perda, cruciais para o crescimento da equipa no 2º tempo. Apesar da vontade indómita de ambas equipas em chegarem a zonas de finalização, o que originou alguns momentos em que o jogo se partiu e se descontrolou, o nulo não se desfez.

A ELASTICIDADE TÁTICA, A VERTIGEM E A BELICOSIDADE NA PRESSÃO FORAM POSTURAS PRIVILEGIADAS PELAS EQUIPAS

SP. BRAGA FC PORTO

pt-pt

2023-03-20T07:00:00.0000000Z

2023-03-20T07:00:00.0000000Z

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