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“Dei palestras desde o quarto do hospital”

Durante a época esteve muito tempo internado pelas consequências da Covid-19...

FM – Foi difícil, mas não foi a primeira vez. Já tinha passado por isto quando estava em Santa Maria da Feira, mas foi numa altura em que o campeonato estava parado e foi abafado. Também estive muito doente nessa altura. Foi quando soube que tenho uma doença autoimune. Agora, quando estava praticamente controlada, apanhei Covid-19 e levou a grandes dificuldades para recuperar.

Qual é a doença, concretamente?

FM – Existem cerca de 120 doenças autoimunes, a minha aproveita-se dos medicamentos para atacar e fragilizar o sistema imunitário. Foi complicado. Fui internado, apanhei pneumonia no hospi- tal e depois um pneumotórax. Aliado a isso, estar a pensar se na semana seguinte já iria para o banco, depois era na outra... Foram semanas muito difíceis, perdi 10 quilos. Felizmente tive o apoio da entidade patronal e da minha equipa técnica. Isso permitiu-me estar as cinco semanas internado e descansado em relação ao trabalho. O Tiago Lopes só dizia que o importante era eu ficar bem.

Em termos profissionais estava descansado, mas em relação à saúde? Temeu que ainda se agravasse mais a doença?

FM - Quando estamos 3 semanas a oxigénio a cabeça começa a abanar um pouco. Não temos bem a noção do que está a acontecer. Falar de problemas de pulmões ou de biópsias, são palavras assustadoras. Os tratamentos são muito duros, agressivos. Foi importante o apoio que tive da entidade patronal e da minha família. Sinto-me um privilegiado, pois trabalho há dois anos num sítio em que entro e saio feliz. Aqui sinto-me respeitado. Até nesse momento da doença o Casa Pia mostrou como é diferente. Todos estavam preocupados com a minha situação e estive sempre em contacto com o grupo através do zoom. Antes de jogos dei palestras desde o quarto do hospital.

O Casa Pia é um clube muito particular. Há muitos casapianos que o são por terem passado pela instituição de ensino, mas isso é diferente de serem adeptos da equipa de futebol. Sentiu mais apoio quando a equipa começou a lutar pela subida?

FM – Claramente. Houve uma onda que foi crescendo e tem pernas para mais. Nós, equipa de futebol, temos de ser o dínamo para os adeptos. Isto é como nos grandes, quando os resultados não aparecem há menos adeptos nas bancadas.

O projeto era para subir em três anos, mas o contrato do treinador era só de dois?

FM – Na altura eu e o grupo investidor, a empresa Platek, achámos melhor a ligação ser só por dois anos. Combinei com o Tiago Lopes que faríamos o balanço após esse período para ver se estávamos todos satisfeitos. Nos próximos dias vamos sentar-nos e conversar sobre a renovação.

Vai renovar por uma época ou por mais tempo?

FM - Sinceramente, ainda nem pensei nisso, mas há uma grande confiança entre nós. Até agora estávamos só focados no objetivo da subida e felizmente conseguimos. Agora, quando a administração quiser vamos conversar.

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“SINTO-ME UM PRIVILEGIADO, POIS TRABALHO HÁ DOIS ANOS NUM SÍTIO EM QUE ENTRO E SAIO FELIZ. AQUI SINTO-ME RESPEITADO”

ENTREVISTA | INTREVISTA FILIPE MARTINS

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281990381126012

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