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Os melhores

RICARDO HORTA FOI QUEM MAIS CUSTOU DEIXAR DE FORA DO ONZE. PELOS GOLOS, PELAS ASSISTÊNCIAS E PELO FUTEBOL DE BOM GOSTO

O final da liga é a oportunidade de priorizar os melhores entre os melhores, tarefa sempre controversa e impugnável, desde logo por ser quase impossível agregar racionalidade e cla- rividência quando o assunto é o futebol. A exemplo da escolha dos talentos emergentes (nas equipas abaixo do quarto lugar) que apresentámos há três semanas, é um exercício pessoal e de quem tem consciência que cada jogador tem papéis individuais que permitem ao coletivo florescer. É também isso que legitima a presença maioritária de jogadores de um FC Porto que conquistou o título após um percurso inolvidável e repleto de recor- des. O anseio por uma seleção o mais fundamentada possível levou a que acrescentássemos alternativas para cada posição, uma forma de também desapoquentar o espírito, reconheço.

Partindo de um 4x2x3x1, Diogo Costa foi o guarda-redes escolhido. Aos 22 anos, ganhou a ba- liza do FC Porto a Marchesin e a da seleção a Patrício, e isso bastaria para a sustentar a decisão. É um predestinado para a função como o futebol indígena não tem desde os tempos de Baía, a quem iguala na elasticidade, elegância e controlo do espaço aéreo e a quem até leva a melhor na relação com a bola, o que ajudou a tornar o futebol portista mais combinativo. Matheus (Sp. Braga) também fez uma grande época, a exemplo do que voltou a acontecer com Adán.

O melhor lateral-direito também não suscita controvérsia. Porque Porro não foi apenas o melhor da liga, mas também um dos melhores da Europa na sua posição. Competente a defender, sabe tirar partido da potência e da velocidade, tendo cada vez mais discernimento e qualidade a definir. Somou 4 golos e 4 assis- tências, tendo um peso grande nas diversas fases do jogo do Sporting. Gilberto provou ser melhor do que quiseram fazer crer. João Mário (FC Porto) promete, mas está ainda num processo de adaptação à posição. Yan Couto (Sp. Braga) só tem 19 anos, mas tem qualidade, tal como Reggie Cannon (Boavista).

Matheus Reis foi a escolha para lateral esquerdo. O sportinguis- ta teve o refinamento mais sur- preendente no campeonato, mostrando competência também a central. Zaidu (FC Porto) passou de “patinho feio” a herói improvável, nada mau para quem há três anos jogava no Mirandela. Grimaldo (Benfica) continua a só dar garantias a atacar.

Mbemba e Pepe formaram uma

dupla de centrais de betão num FC Porto que só sofreu 22 golos. O primeiro foi o portista mais utilizado, sempre com rendimento linear. O capitão só fez 21 jogos, mas teve um impacto enorme no jogo, no balneário e até nos adversários. Menção de honra também para Coates, Gonçalo Inácio e Otamendi, enquanto o regresso de David Car- mo melhorou imenso o Braga.

Uribe e Vitinha são os médios-centro, até por se entenderem na perfeição. O primeiro é um jo- gador que se mantém pontual mesmo quando os seus colegas e os adversários já estão sem depósito. Vitinha é um génio que garante critério e até bom gosto. Muda o ritmo e cria suspense. As alternativas são Al Musrati, Palhinha e Ugarte (para a função mais posicional) e Matheus Nunes e Pedrinho (Gil Vicente).

Otávio é a escolha para o vértice

ofensivo do miolo, ele que é um daqueles multifunções que cintila e guerreia em todo o lado. Foi um dos três melhores jogadores da liga. Sendo diferente, Lincoln (Santa Clara) seria uma boa alternativa.

Para a ala direita, Sarabia é indiscutível. Pelos golos (15) e assistências (7) e pela qualidade e inteligência de jogo. Deixa saudades. Para o lado esquerdo, e uma vez que Luis Diáz saiu à 18ª jornada, optei por Darwin, até por ser a posição em que melhor potencia as suas qualidades excecionais e onde disfarça defeitos que precisa depurar. Foi o melhor marcador (26 golos), mas não é um futebolista para as estatísticas. Pepê amadureceu imenso e é poderoso na condução com bola. Gostei de Samuel Lino (Gil Vicente) e Pote também fez uma boa época, mesmo que sem os números mirabolantes de há um ano. Mas quem mais me custou deixar de fora do “11” foi Ricardo Horta. Pelos 19 golos (que lhe deram o galardão de melhor marcador da história do Braga), pelas assistências (5) e pelo futebol refinado.

Taremi é o ponta-de-lança. Foi o craque mais determinante da liga (20 golos+13 assistências). Apesar das diferentes tarefas e posições que o treinador lhe atribui, confirmou-se como um avançado solidário, associativo e forte no capítulo da recuperação de bola. Evanilson, Musa, Simon Banza e Fran Navarro seriam as alternativas, por esta ordem.

OPINIÃO

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2022-05-17T07:00:00.0000000Z

2022-05-17T07:00:00.0000000Z

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