Os espertos são muito engenhosos – e estão em todo o lado. A troca de jogadores desconhecidos por valores disparatados, de forma a deixar relatórios e contas mais bonitinhos, é a nova esperteza do futebol português. FC Porto e V. Guimarães trocaram dois pares de miúdos que avaliaram em 15 milhões de euros para cada lado; agora, ficou a saber-se que o negócio entre dragões e o Sporting avaliou Rodrigo Fernandes e Marco Cruz (de 17 anos) em 11 milhões de euros cada um. Não entra nem sai dinheiro de nenhuma das sociedades, mas entra uma receita do valor correspondente no exercício atual e a despesa é dividida por três ou quatro anos.

Vários entendidos em finanças garantiram-me nas últimas semanas que não há qualquer ilegalidade nesta prática – pode haver irregularidade, mas isso caberá à CMVM averiguar. Há, no entanto, um princípio que é claramente pisado: ao criar receitas artificiais nas respetivas contas, transformando-as em despesas que serão pagas em prestações, qualquer uma destas sociedades está a adulterar a informação que presta aos acionistas e ao mercado, desta forma competindo de forma desigual com os seus concorrentes que não recorrem a estas práticas. Ou um dia destes, os relatórios e contas são tudo aquilo que os espertos quiserem.