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Os milhões do Sporting

Rui Dias

Viriato Mourão, meu mestre e amigo, desaparecido faz amanhã 14 anos, fazia parte de uma tertúlia de gente ligada ao futebol nas mais variadas formas. O professor Silveira Ramos, um dos homens mais sábio que conheço sobre o fenómeno futebolístico, era um dos nossos interlocutores. Um dia, nos alvores do século, a conversa inci- diu sobre os jovens talentos, o trabalho nos clubes e o aproveitamento nas seleções mais jovens, nas quais o professor era treinador. Na sequência, Silvei- ra Ramos defendeu que o Spor- ting tinha miúdos que valiam “largos milhões”. Viriato, com eterno espírito de contradição, não se conteve: “Oh professor, não venha com essa conversa. Qualquer dia vai para a porta da maternidade (em boa verdade antecipou o local do diagnóstico…) e daí avalia quantos mi- lhões vale cada recém-nascido.”

Semanas depois, Viriato perguntou-me:

“Olha lá, este Quaresma é um dos miúdos de que o professor falava?” Respondi que sim. Retorquiu: “Tu queres ver que o homem tem mesmo razão: este miúdo é o fim da macacada “. Silveira Ramos veio a seguir e ouviu a mesma questão. “Sim, estava a pensar neste, no Hugo Viana e num tal Ronaldo, que é mais novo.” Sem levantar os olhos do jornal que estava a ler, Viriato foi surpreendente: “Professor, esqueça lá os milhões, este gajo não joga nada.” Só para chatear.

OPINIÃO

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2021-07-30T07:00:00.0000000Z

2021-07-30T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/282144999384156

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