Otelo Saraiva de Carvalho, estratega do plano de operações no golpe militar que originou a Revolução do 25 de Abril de 1974, faleceu ontem, aos 84 anos, no Hospital Militar de Lisboa.

Natural de Moçambique, fez carreira militar com comissões durante a Guerra do Ultramar e foi figura proeminente do Movimento das Forças Armadas. Controverso, simpatizante de esquerda e associado à ala radical, liderou o polémico Comando Operacional do Continente (COPCON), candidatou-se à Presidência da República em 1976 e 1980 e cumpriu cinco anos de prisão por ligações às FP-25, organização de ação terrorista – foi mais tarde indultado. Coronel, Otelo foi apreciador das artes e do desporto. Fez teatro amador e era adepto do Benfica. Em entrevista a Record, em abril 2001, teve uma rara intervenção pública sobre o fenómeno desportivo. Teceu críticas ao que considerava ser a industrialização do futebol e mostrou-se contrário à demolição do antigo Estádio da Luz.

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