O último jogo do Benfica na pré-época, em vez de nos retirar as últimas dúvidas, abriu uma quase existencial e que o próprio Jorge Jesus promoveu nas opções que tomou e nas declarações que fez no fim do jogo: em que sistema vai jogar a águia? À partida, tudo indicava que este 4x4x2 mais usado nas anteriores amostras tinha vindo para vingar, mas Jorge Jesus aproveitou logo a primeira oportunidade de contar novamente com Otamendi para experimentar um 3x4x3 que, curiosamente, deixou a equipa bem mais consistente no momento defensivo na 2ª parte do jogo de ontem. É verdade que o Marselha foi um adversário incómodo, daqueles bons para esta fase da época, pois expôs algumas debilidades das águias no meio de vários rasgos individuais, principalmente de Rafa, que deixaram os franceses algo encostados durante a 1ª parte.

A etapa inicial do jogo, aliás, foi do mais intenso que se podia esperar, com um posicionamento interessante de Taarabt bem perto de Gonçalo Ramos e Rafa e Pizzi cheios de liberdade para procurar fazer a diferença. Não foi por acaso que os três remates encarnados da 1ª parte foram todas da autoria do capitão, sendo que o golo nasce de uma fantástica aceleração de Rafa pelo centro e que incluiu uma tabela perfeita com Taarabt.

Ao Benfica cheio de dinâmica faltava ainda alguma agressividade no último terço, mas a questão física já tinha nota alta, com pressão bem medida e reação à perda em sintonia com as posições de Weigl e João Mário, os dois patrões do meio-campo. O golo do Marselha surgiu da ‘cartola’ de Payet, que variou o jogo de forma inteligente, encontrando Luis Henrique na esquerda e ainda foi a tempo de finalizar na área. Um momento em que a chamada basculação defensiva do Benfica não foi rápida o suficiente, pois quando Grimaldo chegou perto de Payet já este estava com o remate armado para fazer o empate. O resultado, percebeu-se depressa, já era algo importante para as duas equipas, mas Jorge Jesus viu neste último teste mais um tubo de ensaio para a época oficial, promovendo a tal alteração tática profunda para a segunda metade. O jogo dos encarnados nunca tremeu, é verdade, mas ofensivamente ficou demasiado dependente do que Rafa conseguia fazer, o que pode levar o próprio Jorge Jesus a ficar também ele com a grande dúvida do momento. O treinador já avisou que a equipa tem de estar preparada para jogar nos dois sistemas, mas convém estabilizar num o quanto antes e antes que a Champions fuja outra vez entre os dedos...

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INTERESSANTE VER TAARABT PERTO DE GONÇALO RAMOS; RAFA MANTEVE O MOTOR EM ACELERAÇÃO CONSTANTE