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Cotadas têm “almofada” para diminuir lucros sem cortar dividendos

A desaceleração económica vai ter um impacto negativo nos resultados das empresas. Contudo, há margem para manter a remuneração acionista.

LMF

Com a economia a desacelerar, os lucros das empresas vão ser penalizados. Esta é a expectativa dos gestores da JP Morgan Asset Management, mas a diminuição nos resultados não tem necessariamente de representar menos compensações para os acionistas. As almofadas criadas nos últimos anos poderão permitir continuar a distribuir dividendos.

“O ímpeto de crescimento está a desacelerar ainda mais. As margens de lucro têm-se aguentado na Zona Euro – o que é provavelmente a razão para as ações europeias estarem a ter, nos últimos 12 meses um desempenho acima do mercado –, mas há pressões dos custos”, afirmou Tilmann Galler, estratega de mercado global, no encontro anual da gestora com jornalistas europeus, em Londres.

As pressões que o especialista assinala vêm não tanto dos custos energética, mas do lado dos salários. “As margens vão continuar a deteriorar e, possivelmente, os resultados vão ser afetados”, diz.

Apesar das preocupações com margens, a JP Morgan AM está a olhar principalmente para o rácio de distribuição de dividendos. “O que nos dá confiança é o rácio histórico de ‘payout’. Estamos a entrar nesta crise com rácios próximos de mínimos de sempre”, explica Sam Witherow, gestor de portfólio do grupo internacional. Os baixos níveis estarão relacionados com a proximidade em tempo desde a última crise: as cotadas ainda não tinham tido tempo de deixar de ser conservadoras e reforçar a remuneração acionista.

“As empresas têm almofadas para algumas desilusões nos resultados sem terem de cortar dividendos”, sublinha Sam Witherow. As estimativas do grupo apontam para que este rácio, que indica a parcela de lucros que são distribuídos aos acionistas, se aproxime de 40% este ano. Os setores financeiro e energético mantêm-se na liderança, mas as tecnológicas têm vindo a ganhar terreno, sendo já o terceiro setor que mais remunera.

“As margens das empresas irão manter-se sob pressão, mas mesmo assim o ‘payout’ vai crescer em 2023 porque o ponto de partida era tão baixo”, diz o gestor de portfólio, acrescentando que, para 2024 haverá um decréscimo do rácio não devido a uma quebra nos dividendos, mas sim porque espera que os lucros cresçam a um ritmo ainda mais rápido.

MERCADOS

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2023-03-24T07:00:00.0000000Z

2023-03-24T07:00:00.0000000Z

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