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Soares dos Santos acusa ministro da Economia de “grande mentira”

Líder da Jerónimo Martins acusa Costa Silva de liderar uma “grande mentira” no tema da subida dos preços alimentares. Soares dos Santos diz que o Estado foi “quem mais beneficiou da inflação e menos fez”.

DM COM HN

O CEO da Jerónimo Martins (JM) acusa o ministro da Economia de estar por detrás de uma “grande mentira” por ter direcionado os holofotes para os lucros da grande distribuição no contexto da procura pelas causas da escalada dos preços. dos produtos alimentares.. “Lamento profundamente as afirmações do senhor ministro. Foram muito infelizes e um bocado fora do mundo real onde nós estamos”, afirmou Pedro Soares dos Santos, na conferência de imprensa de apresentação dos resultados de 2022, que atingiram 590 milhões de euros, numa subida de 27,5% face ao ano anterior. “Acredito que o Governo, pressionado pela contestação social, procurou desviar as atenções e usou a ASAE para o espetáculo”, atirou. “Foi lamentável, mas as pessoas estão a acordar para a verdade e a perceber que, por detrás de tudo isto, havia uma grande mentira liderada pelo senhor ministro”, reforçou.

Para o líder da dona do Pingo Doce, as medidas que o Governo vier a tomar, designadamente a descida do IVA, a única aflorada até agora, chegam “tarde”, pois vão ser postas em prática quando o país estiver já a viver um “certo alívio” dos preços, dado que, a seu ver, há já sinais, ainda que ténues, de uma desinflação na segunda metade do ano. Do quadro de soluções , apontou, devem fazer parte apoios às famílias, ao nível da redução da carga fiscal, e aos produtores. “Não deem ajudas às empresas de distribuição, mas à produção, com a única garantia que os produtos fiquem em Portugal, porque a escassez do ano passado foi muito perigosa”.

O líder da JM não escondeu, porém, que a subida generalizada dos preços teve impacto positivo nas vendas do grupo, mas deixou claro que isso não é motivo de satisfação. “Não posso negar que a inflação ajudou” as vendas a superarem o “marco” dos 25 mil milhões, mas não é deste crescimento que a Jerónimo Martins gosta”, disse, argumentando que “estas vendas assentes em inflações [...] só destroem as sociedades e não permitem crescimentos saudáveis para as empresas”. Soares dos Santos compara mesmo a inflação a um imposto “perigosíssimo” que castiga com especial incidência os mais pobres.

JM garante reflexo de eventual descida do IVA nos preços

Soares dos Santos diz que eventual descida do IVA será refletida.

O empresário acusou ainda o Estado de ter sido “quem mais beneficiou com a inflação e o que menos fez pelas pessoas”. Soares dos Santos considera que as potenciais medidas que venham a ser tomadas para conter a espiral inflacionista dos preços alimentares, como a eventual descida do IVA, pecam por tardias. Aos jornalistas, em reação ao anúncio do primeiro-ministro, António Costa, de que o Governo está a trabalhar com a produção e a distribuição para garantir que uma eventual descida do IVA tenha “efetiva correspondência” nos preços dos bens alimentares, Soares dos Santos deixou claro que não está “a negociar nada com ninguém” e que, a acontecerem, as conversações serão com a Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição, onde se faz representar, a par com outras 60 empresas do retalho alimentar.

Mesmo sobre a própria redução do IVA, Pedro Soares dos Santos deixou reservas, já que até ao momento mais nada foi avançado pelo Governo: “Temos de ver como se vai concretizar exatamente”. Do lado do grupo fica, no entanto, a garantia de que uma baixa do IVA dos bens alimentares terá correspondência direta no preço dos produtos que tem nas prateleiras do Pingo Doce e do Recheio, à semelhança do que fez na Polónia há mais de um ano.

EMPRESAS

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2023-03-24T07:00:00.0000000Z

2023-03-24T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/282153590527572

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