O secretário-geral da ACEGE, entidade promotora do CPP, acredita que o Estado pode abater os pagamentos em atraso até junho.

Que leitura faz dos pagamentos do Estado?

Em termos de final de ano estamos aliviados mas em termos da prática de pagamentos pontuais do Estado, 2022 seguiu o mesmo esquema de anos anteriores. Estou curioso para ver os números de janeiro para ver se esta lógica vai manter-se.

Trata-se de pagar a horas... Queremos que as empresas e o Estado paguem no prazo acordado. O mais importante é a previsibilidade para as empresas poderem gerir a sua tesouraria. Quando o Estado faz um pagamento extraordinário em dezembro em que paga quase toda a dívida a mais de 90 dias, isso não faz sentido. Se o Estado quer pagar no final do ano, então que faça um acordo com as empresas em que o prazo seja o 31 de dezembro.

Qual a dimensão do “efeito dominó” do problema? De cada vez que alguém atrasa o pagamento a um fornecedor está a criar uma bola de neve em que são os mais pequenos que sofrem.

O problema também afeta empresas que não têm relação direta com o Estado.. Mesmo que não haja um impacto direto nalgumas empresas, o que ouvimos é [empresas] desculparem-se e não

[O pagamento no prazo] era uma preocupação do Fernando Medina quando esteve à frente da Câmara de Lisboa.

pagarem a horas porque o Estado também não o faz. O Estado tem de fazer pagamentos pontuais, e não apenas brilharetes de final de ano.

Pedem que em junho o Estado tenha zero pagamentos em atraso. É viável?

O Estado poderia fazer com muita facilidade até porque temos um valor que não é muito elevado e há excedente orçamental para isso. E esta também era uma preocupação do Fernando Medina quando esteve à frente da Câmara de Lisboa.

Apelam que siga a prática que tinha na Câmara? Seria uma decisão sensata.

Como tem sido a evolução dos pagamentos entre empresas?

Tem descido de forma estável, mas tememos que o ano complicado a nível económico possa fazer resvalar. 