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Quero mostrar que a ecologia é excitante, é uma aventura fantástica, que vai criar empregos, suportar o desen

fícil, podemos falhar. O medo de falhar é um dos maiores obstáculos para as pessoas tentarem fazer alguma coisa. Se tivéssemos uma cultura que permitisse às pessoas falharem um pouco mais, sem serem demasiado criticadas, elas aceitariam arriscar mais. O meu avô teve falhanços e o meu pai contava-me também essa parte da história. Para mim era normal. Quando ele construiu o primeiro batíscafo, o submarino ficou danificado durante os testes e ele teve de fazer um novo. Falhar faz parte do processo. O pior que pode acontecer não é falhar, é não tentar. Se tivermos sucesso em tudo o que fizermos isso provavelmente significa que a nossa ambição não é suficientemente alta.

Com tantos interesses, porque decidiu estudar psiquiatria?

Porque também tenho uma mãe. (risos) Não tenho só pai. Claro que o meu pai era o meu exemplo para a exploração do mundo exterior, mas a minha mãe foi a minha inspiração para explorar o meu mundo interior. A minha mãe era música e era muito interessada em espiritualidade, filosofia, psicologia. Quando eu era criança falávamos muito sobre o significado da vida, porque estamos nesta Terra, o que temos de fazer, o que é evolução espiritual e desenvolvimento espiritual. Eu queria explorar isso também na minha profissão e não apenas como um “hobby”. Formei-me em medicina e depois especializei-me em psiquiatria, tornei-me psicoterapeuta e fiz um curso de hipnoterapia. Tratei centenas de pacientes durante mais de 20 anos ao mesmo tempo que tinha as minhas expedições de balão e a preparação do Solar Impulse. Parei a prática médica há uns anos porque não podia continuar a tratar pessoas e, ao mesmo tempo, ter a minha fundação para o ambiente. Era demasiado.

Costuma dizer que ter participado na primeira Corrida Transatlântica de balão, em 1992, mudou a sua visão sobre a vida. Porquê?

Durante os primeiros 44 anos da minha vida estive sempre a voar contra o vento, não apenas com a minha asa-delta mas também na vida. Pensava que tinha de lutar constantemente para conseguir o que queria, para passar a turbulência e controlar tudo. Só que com o balão não é assim. Com o balão, vai-se com o vento e à primeira vista parece que não temos controlo. Somos empurrados pelo vento. Mas há uma coisa que podemos fazer, que é mudar a altitude para encontrar outras direções de vento na atmosfera. Descobrir isso foi algo extraordinário enquanto entendimento filosófico da vida. Muitas vezes a vida também não pode ser controlada. As decisões políticas, as crises económicas, os acidentes… são tudo coisas que estão fora do nosso controlo. E não podemos lutar contra isso. Temos de ir nelas, como vamos com o vento. Mas precisamos de mudar a altitude em que estamos. Isso significa que temos de mudar o nosso entendimento, as nossas reações, comportamentos, a nossa visão do mundo. Todas as direções na vida dependem do tipo de decisão que tomamos e do tipo de visão do mundo que adotamos. Precisamos de nos mudar a nós próprios. Fazendo isso, a nossa direção na vida vai ser diferente.

Com o avião Solar Impulse nasceu uma fundação – a Solar Impulse Foundation.

ENTREVISTA

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2022-09-30T07:00:00.0000000Z

2022-09-30T07:00:00.0000000Z

http://quiosque.medialivre.pt/article/281728388397049

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